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Conselho Universitário da UFF aprova honraria máxima para quatro personalidades

Nesta quarta-feira (17), o Conselho Universitário (CUV) da UFF aprovou a concessão dos títulos de professores eméritos para Suely Gomes Costa e Antonio Amaral Serra, em homenagem aos seus legados na universidade. Já o título de Honoris Causa, que promove o acadêmico à doutor, foi designado à Maria Beatriz Nascimento e ao embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto, por conta do destaque e relevância na academia.

“Esta foi uma sessão emocionante, os títulos de professor emérito e de honoris causa são as nossas maiores honrarias como universidade federal. É um orgulho para a UFF ter em sua história personagens tão marcantes pela luta, pelas conquistas e realizações pela instituição, educação e pelo país. Pessoas reconhecidas por suas competências acadêmicas, profissionais e pessoais. A UFF é construída de legados, legados que foram honrados com muita emoção por toda nossa comunidade.”, destacou o reitor da UFF, professor Antonio Claudio Lucas da Nobrega.

Suely Gomes Costa fez graduação em Serviço Social e Economia e doutorado em História pela UFF. A professora aposentada do Departamento de Serviço Social da UFF possui uma ampla contribuição nos temas das políticas públicas, movimentos sociais, memórias feministas, proteção social e cidadania, tendo por foco relações de gênero, práticas e representações sociais. Comprometida com o trabalho docente e a Universidade, sua trajetória ficou marcada pelo recebimento do título de professora emérita.

A apresentação de Suely Costa para a votação de professor emérito foi feita por Miriam Fátima Reis, professora da Escola de Serviços Sociais. Em seu discurso, foram pontuadas as realizações acadêmicas da educadora. “A professora Suely Costa foi muito importante não só para a escola de Serviço Social, mas para a UFF. Foi importante para a própria profissão, pelas suas contribuições teóricas e reflexivas sobre a prática profissional. Além de uma pessoa extremamente comprometida com o trabalho docente, com a universidade e com a relação entre os colegas e alunos. Para nós, da escola de Serviço Social, é uma honra e um compromisso que esse título lhe seja concedido”, declarou.

Antônio Amaral Serra foi uma personalidade marcante no Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS). Sua carreira começou na Comunicação Social, passou pela formação no curso de Cinema e continuou na direção do IACS por dois mandatos. O professor se aposentou no departamento de Filosofia, mas permanece palestrando para os alunos de graduação da Comunicação através das aulas de Filosofia e Comunicação.

A Diretora do Instituto de Arte e Comunicação Social, professora Flávia Clemente, destacou a trajetória de Antônio Amaral Serra no Instituto de Artes e Comunicação Social como fundamental.

“Quando eu entrei para estudar no IACS, em 1990, ele era nosso diretor. E ele foi o idealizador do projeto que a gente está recebendo agora, do novo campus do IACS, no Gragoatá. Um projeto horizontal, democrático, que todas as pessoas possam conviver umas com as outras de forma igual e equilibrada”, pontuou a atual diretora do IACS. Ainda acrescentou o impacto da gestão de Antônio Amaral na comunidade acadêmica: “Ele sempre participou da vida universitária como um todo e pra mim ele é um grande mentor. Uma figura que eu respeito muito e sempre me inspirou durante minha vida para que a gente também possa seguir com esses conceitos que ele sempre apresentou para gente ao longo da trajetória dele”.

O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto é um reconhecido professor, diplomata e economista brasileiro. É autor dos livros Quinhentos anos de periferia (UFRGS/Contraponto, 1999) e Desafios brasileiros na era dos gigantes (Contraponto, 2006). Por este último, o embaixador foi eleito Intelectual do Ano, recebendo o Prêmio Juca Pato da União Brasileira de Escritores. Em março do mesmo ano, foi condecorado por mérito diplomático à Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial pelo vice-presidente José Alencar.

O professor de Samuel Pinheiro Guimarães Neto lecionou no Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (INEST/UFF) como professor visitante, em 2015. Sua honraria foi defendida pelo professor Vagner Camilo Alves, diretor do INEST.

“Trata-se de um intelectual de um tipo específico e muito raro. Do sentido de que ele combina a própria formulação da política externa brasileira com trabalhos reflexivos sobre relações internacionais e o lugar do Brasil no mundo. Como articulador da política externa, o embaixador foi Ministro de Estado e membro da secretaria de assuntos estratégicos em 2009/2010. Teve um papel muito importante ao longo da sua carreira para iniciativas levando integração sul americana, especialmente os primeiros acordos entre Brasil e Argentina na segunda metade dos anos 80, onde contribuiu para a superação dos contenciosos que atrapalhavam as relações entre os dois países, e deu abertura para essa integração no cone sul, levando inclusive à formação do mercosul.”

Maria Beatriz Nascimento é a primeira mulher negra a receber o título de Doutora Honoris Causa (post-mortem). Ativista negra contemporânea de Eduardo Oliveira e Oliveira, Lélia Gonzalez, e Hamilton Cardoso. Graduou-se em história pela UFRJ e concluiu sua pós graduação lato sensu em história na UFF. Maria Beatriz, em 1975, foi uma das fundadoras do grupo de trabalho André Rebouças, que agregava professores e estudantes negros da UFF. Esse foi precursor dos muitos coletivos de estudantes negros e indígenas que hoje povoam as universidades no Brasil.

Beatriz Nascimento teve sua apresentação feita pelo Diretor do Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior (INFES/UFF), Silvio Cezar de Souza Lima, que ressaltou suas conquistas acadêmicas.

“Beatriz Nascimento é uma mulher negra, foi ativista do movimento negro, professora e historiadora. Nos últimos anos sua obra vem apresentando um grande impacto no campo das ciências humanas. Muitos conceitos que hoje vemos nos estudos culturais, decoloniais, anticoloniais, como epistemicídio, representatividade, identidade, entre outros, podem ser vistos na sua obra escrita nas últimas décadas do século XX. Obra que por muito tempo foi invisibilizada na academia por ser mulher, negra e ativista”, salientou.

O pesquisador incluiu em seu discurso a importância dessa honraria para reforçar os princípios de igualdade e inclusão da UFF: “Pela importância da sua obra intelectual, hoje reconhecida na academia, por suas contribuições epistemológicas sobre o estudo de história, sociologia, antropologia e relações raciais, e por seu ativismo antirracista. É muito mais que uma homenagem pelo mérito, que sobra em Beatriz Nascimento. É também a oportunidade de tornar nossa galeria de homenageados uma galeria que reflete a diversidade do nosso povo, e uma possibilidade de mostrar o compromisso real desta universidade com a equidade de gênero e raça”.

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