Notícia

Aplicativo simplifica a educação de adolescentes sobre o HPV

Em formato de quiz, o app ajuda no processo de aprendizagem entre alunos de escolas públicas e particulares

O jogo HPV Quiz, desenvolvido pela Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF), visa orientar e educar os adolescentes sobre o Papiloma Vírus Humano (HPV). Essa infecção tende a atingir mais frequentemente os jovens entre 16 e 25 anos, que, por falta de educação sexual adequada e fatores como condições socioeconômicas e baixo nível de escolaridade, tornam-se mais suscetíveis a contraírem e transmitirem esse vírus. O início precoce da vida sexual é outro fator importante que surge por conta dos hormônios e, somado a outros motivos, torna os adolescentes mais vulneráveis à infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). 

Anualmente, essa infecção atinge cerca de 700 mil pessoas, segundo estimativas do Ministério da Saúde. Existem mais de cem tipos de HPV, alguns assintomáticos, enquanto outros podem acarretar desenvolvimento de câncer, como o de colo de útero, por exemplo, que de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), causa mais de 7 mil mortes por ano no Brasil. As principais formas de prevenção do vírus são a utilização de preservativos em relações sexuais e a vacina – distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninos e meninas de 9 a 14 anos.

O professor da Escola de Enfermagem da UFF (EEAAC/UFF) e coordenador do Programa de extensão Espaço Aberto para Saúde (EAS/UFF), Jorge Luiz Lima da Silva, destaca a importância da educação sexual para adolescentes. 

“A educação é importante por conta da adolescência e questão hormonal. O desejo sexual é intenso e pode levar a consequências como gravidez inesperada e transmissão de ISTs. Algumas doenças, como o HPV, por exemplo, podem causar problemas para o resto da vida. Por isso é muito importante tocarmos no assunto, uma vez que os dados indicam que o número de ISTs entre adolescentes está aumentando e se mantendo, sinal de falha na conscientização e educação em saúde. Ao mesmo tempo que temos o mundo recheado de informações por conta da internet, os pais não falam sobre educação sexual com os filhos. Por conta dessa lacuna, o jogo se torna importante”, reforça o coordenador.

Etapas de produção do jogo

A construção do aplicativo foi realizada a partir de uma variedade de recursos que ajudam o desenvolvimento dos jogos, como trilha, gráficos e objetos. As perguntas do quiz são separadas em quatro assuntos distribuídos em duas pastas: vírus, transmissão, sintomas e prevenção. Além desses tópicos, o aplicativo possui o “botão dos curiosos”, que traz informações complementares sobre o HPV. No total, o jogo possui 33 perguntas e um sistema de classificação que avalia o desempenho dos usuários em três estrelas e uma nota de zero a dez. 

“O primeiro passo foi o levantamento bibliográfico. Utilizamos fontes fidedignas, como o INCA do Ministério da Saúde, por exemplo. Depois, houve um debate entre a equipe para decidir como as perguntas seriam apresentadas no app, por fim, refizemos as questões, buscando deixá-las claras e objetivas”, explica o professor sobre o processo de elaboração das perguntas.

Inicialmente, após a conclusão do aplicativo, a primeira etapa de checagem foi realizada por colaboradores do Projeto de Ensino e Extensão Saúde na Universidade (Pensu) e por 20 alunos, que, durante a aula de Saúde Coletiva da UFF, puderam testar o jogo e relatar os pontos positivos e os problemas encontrados. Depois, o aplicativo foi divulgado nas redes sociais para obter a opinião do público. No total, 95 pessoas responderam um questionário de avaliação, deixando suas impressões sobre o app.

Para Lima da Silva, o processo de construção do aplicativo está fechado. “O app já passou pela fase de testes e foi aprovado, cumprindo o objetivo a que se propôs. Claro que podemos atualizar conteúdos devido a novas descobertas científicas que tenham impacto no assunto, como uma nova vacina ou tratamento, por exemplo”.

O jogo tem sido aplicado em escolas públicas de Niterói e São Gonçalo para conscientizar os alunos dos ensinos fundamental e médio. “Levamos o jogo para a sala de aula e mostramos para os alunos como funciona. Também disponibilizamos o link para download. Com agendamento nas escolas, além de apresentar o jogo, a equipe também faz uma divulgação com panfletos, para os estudantes levem o material para casa e interajam com os pais”, conclui o pesquisador.

Os produtos do grupo de inovação encontram-se em linktr.ee/pensu, e fazem parte do Laboratório de Mídia e Aplicativos para Promoção da Saúde linktr.ee/LabMapps

 O download do aplicativo está disponível no site do eduCapes.

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Jorge Luiz Lima da Silva é professor do Departamento Materno-Infantil e Psiquiatria da Universidade Federal Fluminense (UFF). Possui Doutorado em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Ensp/Fiocruz e Pós-doutorado em Saúde Pública e Meio Ambiente Ensp/Fiocruz. Desenvolve pesquisas sobre uso de tecnologias para educação em saúde com grupos humanos. 

 

Por Kayky Resende
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