Oficialmente, a UFF, por meio da Pró-reitoria de Gestão de Pessoas, lança a Cartilha sobre Assédio Moral e Sexual com o propósito de difundir mais informações sobre o tema e inibir determinadas situações no ambiente de trabalho. Para elucidar algumas questões e fortalecer o debate, o reitor da UFF, professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, concedeu uma entrevista. Confira!
1- Como fortalecer as discussões e combater o assédio moral e sexual dentro da Universidade, especialmente no que tange ao cotidiano do servidor?
Nossa gestão sempre foi comprometida com o combate às opressões, a começar pelo interior da nossa própria comunidade, e essa luta pressupõe um grande conjunto de ações. Nosso programa de combate aos casos de assédio na Instituição tem 3 dimensões: a primeira é a prevenção, que envolve levar informação e promover uma educação de todos(as) sobre o tema. A segunda é a recepção, que conta com os nossos canais de denúncia e apuração para que medidas sejam tomadas. A terceira é o acolhimento da vítima, prezando sua saúde física e mental e ajudando-a a atravessar esse momento. Para isso, temos diversas ações em curso. Através da Progepe, promovemos grupos de escuta e recepção para vítimas de assédio e temos a Casq, setor de Atenção à Saúde e Qualidade de Vida do Servidor. Por meio destes, oferecemos acompanhamento para a saúde física e mental das servidoras e servidores, dispondo de psicólogos, psiquiatras, clínicos e outras especialidades, entendendo que frequentemente há consequências médicas dos casos de assédio. Temos na Ouvidoria um canal direto para atendimento dessas denúncias, que sempre são levadas à frente e apuradas para darmos seguimento às consequências, que podem envolver a Controladoria Geral da União (CGU) se necessário.
A Cartilha de Prevenção ao Assédio Moral e Sexual, lançada pela Progepe, busca levar conhecimento sobre o tema e o que a vítima pode fazer, apresentando todos os canais de denúncias e ações disponíveis, encorajando-a e combatendo tabus. Queremos promover um ambiente igualitário, acolhedor e livre de violências para todas e todos da nossa comunidade de técnicas e técnicos, docentes, estudantes e terceirizados(as); Por meio do diálogo, buscamos construir as melhores ferramentas para cada segmento.
2- Qual o papel e compromisso dos servidores com cargo de chefia na prevenção do assédio moral e sexual dentro das suas unidades?
O papel das chefias na nossa Instituição é exercer o tecido que caracteriza a administração: uma relação entre setores que devem trabalhar de maneira integrada. Mas para além disso, somos responsáveis por pessoas e nosso papel como líderes é guiar as equipes através do respeito e do diálogo, e não do medo. Como uma Instituição Pública, é nosso papel conduzir nas nossas equipes as mudanças que queremos ver na sociedade. As chefias têm um lugar privilegiado na construção de um ambiente organizacional positivo, estimulante e acolhedor, identificando demandas e protegendo os indivíduos. Vamos precisar de muito trabalho para conquistar nossos sonhos para a UFF, mas precisamos garantir o bem estar de todos(as) envolvidos nessa empreitada. Para isso, devemos cuidar para que o assédio não aconteça estando atentos(as) aos comportamentos da equipe, adotando uma postura de seriedade diante das denúncias e encaminhando-as da maneira correta. No caso de chefias que cometem assédio moral ou sexual, queremos que a Comunidade UFF tenha a confiança de que vamos levar todas as denúncias adiante com seriedade e que medidas serão tomadas, independentemente do cargo ocupado. Buscamos dia após dia construir ambientes em que a nossa comunidade se sinta ouvida, amparada e acolhida.
3 – Qual a representatividade e importância do lançamento da Cartilha de Assédio Moral e Sexual da UFF às vésperas do Dia do Servidor Público?
O lançamento da Cartilha no mês do servidor público tem um elemento simbólico, pois institucionalmente assédio é um tema muito caro para a nossa gestão. Embora seja uma violência que acomete mulheres de todos os segmentos, esse material é especialmente voltado para nossas servidoras, que trazem um histórico de décadas de situações de assédio sem uma política de combate a essa cultura no ambiente de trabalho e nos demais. Além do simbolismo dessa ação, que só foi possível através do diálogo com as servidoras da UFF, trazemos algo concreto, que é um programa de ações conjuntas para prevenir, reduzir e punir casos de assédio, junto ao acolhimento pleno das vítimas. Esperamos através desta iniciativa cumprir nosso papel pedagógico com a comunidade, mostrando que casos de assédio não serão tolerados.
4 – O que você, reitor da UFF, diria a um (a) servidor (a) que já foi vítima ou está sendo vítima de assédio moral/sexual dentro da universidade?
A todos os servidores(as) que já foram ou são vítimas de assédio na nossa universidade: em primeiro lugar, sentimos muito que essas violências ainda sejam cometidas na nossa comunidade e estamos juntos com você. A culpa não é sua! Você é a vítima e ser respeitada(o) em todos os âmbitos no seu local de trabalho é um direito seu, e queremos garanti-lo. Denuncie o caso para que possamos agir e construir um ambiente melhor para todos(as). Procure os nossos canais de denúncias e tenha a certeza de que trataremos a sua denúncia com seriedade. Conte com o nosso apoio e acolhimento para atravessar esse momento difícil, através de apoio psicológico pela Casq/Progepe e participando de outras ações e serviços que oferecemos para vítimas de assédio na universidade. Você não está só! Seguimos atentos(as) e combativos(as) diante de todo o tipo de opressão na comunidade UFF.