Com a disponibilidade de tecnologias cada vez mais atrativas, fazer com que os alunos se concentrem no que está sendo ensinado é atualmente um dos maiores desafios para os professores em sala de aula. E se a disciplina em questão for a Matemática, complexa para grande parte dos alunos, esse desafio se torna ainda maior. Focado nessa questão, o Laboratório de Ensino de Geometria (LEG) da UFF propõe formas de dinamizar o ensino, através de situações motivadoras, como jogos e recreações.
Segundo a coordenadora do laboratório, Ana Kaleff, “o educador matemático educa pela matemática, e não para ela”. A professora fez parte do grupo de docentes do Instituto de Matemática e Estatística (IME) que, em 1988, passou a desenvolver projetos de extensão junto a escolas públicas de Niterói. “Esse foi o primeiro passo para, anos depois, surgir o LEG, cujo objetivo sempre foi o de democratizar o conteúdo para que ele se torne mais acessível, levando em conta que o objetivo da escola não deve ser o de formar simples alunos, mas sim cidadãos”, ressalta.
Os projetos realizados pelo laboratório são interdisciplinares e integram graduandos do curso de Matemática e professores que atuam em escolas da rede pública. Um dos programas pioneiros do LEG foi o Rede Regional, em que a equipe atuou em cidades do interior do Rio de Janeiro. Na década de 90, foram realizados diversos cursos de longa duração, em mais de 20 municípios, voltados para a capacitação e distribuição do material produzido pelo laboratório, como pesquisas e livros de geometria.
Com a entrada na era digital, a equipe do LEG teve a oportunidade de fazer parte do Condigital, projeto criado pelo Ministério da Educação (MEC) em parceria com o Ministério de Ciência e Tecnologia. Na ocasião, 13 artigos voltados para a educação matemática foram publicados no Portal do Professor, site que tem como objetivo apoiar os processos de formação dos docentes brasileiros por meio de textos e outros conteúdos digitais. Um desses artigos pode ser encontrado aqui.
Ainda no âmbito da internet, também está disponível para uso os Conteúdos Digitais para Ensino e Aprendizagem de Matemática e Estatística (CDME). O site, voltado aos alunos, aborda várias áreas da ciência, além de disponibilizar jogos e atividades que podem ser realizados em sala de aula. Por exemplo, após aprender sobre razões trigonométricas, nome dado a algumas das divisões possíveis entre os valores de dois lados de um triângulo retângulo, o estudante tem a oportunidade de testar seu conhecimento através de um jogo em que o internauta precisa calcular os ângulos pedidos.
LEGI: o Museu Interativo Itinerante
Tudo o que é produzido no LEG é apresentado a alunos de escolas públicas e ao público em geral, por meio de exposições do Museu Interativo Itinerante de Educação Matemática. Em 2006, iniciou-se o projeto Criando o LEGI, vinculado à Pró-Reitoria de Extensão (Proex). O objetivo era melhorar e ampliar as condições para viabilizar os deslocamentos do museu itinerante. Além disso, houve investimento em novas ferramentas, como as que estão disponíveis no meio digital.
Na UFF, as exposições acontecem anualmente na Semana da Matemática, evento do IME, cujo objetivo principal é criar um ambiente onde pesquisadores, professores, educadores e a comunidade discente possam interagir. Por meio de palestras e outras mostras, são divulgadas experiências, inovações e novas áreas de atuação na Matemática e em suas diversas manifestações.
Por falta de espaço físico, o Museu não fica exposto de forma permanente. É possível encontrar uma pequena mostra na sala do Departamento de Matemática e também em parte do corredor no quinto andar do Bloco H, no campus do Gragoatá. Além disso, uma programação itinerante é realizada anualmente.
Além deste compromisso fixo, há também as mostras itinerantes. Nesse caso, as escolas que desejam receber a equipe podem entrar em contato e agendar uma visita. Em 2011, por exemplo, a equipe foi para a cidade de Araras, no estado de São Paulo. A realização da exposição foi possível pela mediação com a Secretaria de Educação do município, como geralmente acontece. O museu também já foi recebido pela Universidade de Brasília (UnB).
A edição de 2016 contou com a visita de mais de 2000 pessoas. Diversas escolas marcaram presença, como o Instituto Benjamin Constant e o Colégio Pedro II. Eles puderam interagir com materiais didáticos dinâmicos, como quebra cabeças planos especiais com as formas geométricas sendo bem destacadas. As peças são divididas em “ilhas” de acordo com o conteúdo que representam.
No início de 2012, o museu já contava com mais de cem temas matemáticos. “Em uma de suas mostras, os visitantes encontram uma diversidade de artefatos modeladores de situações matemáticas para serem manipulados, os quais são separados por tema ou conteúdo. Como a democratização do conteúdo desenvolvido no laboratório é a prioridade, as peças são produzidas com materiais de baixo custo ou reciclados”, destaca Kaleff.
Vendo com as Mãos: educação inclusiva
Desde 2008, as atenções do LEG se voltaram à educação inclusiva, com o ensino da Geometria de maneira eficiente e dinâmica para alunos com deficiência visual. O projeto Vendo com as Mãos consiste na adaptação de todas as peças que são comumente expostas no Museu.
A inclusão vai além do uso de braile, sistema de leitura inventado por Louis Braille. Texturas variadas e materiais apropriados para o estímulo da percepção tátil são encontrados em todas as peças expostas. Os artefatos já adaptados foram antes testados por alunos do Instituto Benjamin Constant, tradicional instituição de ensino para deficientes visuais do Rio de Janeiro. A partir da aprovação dos recursos didáticos por esses alunos, eles puderam ser aplicados em outras escolas, como no Colégio Pedro II.
O público alvo, alunos que possuem algum tipo de deficiência, recebe não só atenção direta da equipe do projeto, mas de seus professores, que também recebem instruções para uma melhor realização das atividades, podendo aplicar em suas próprias salas de aula.
Entre os materiais já produzidos pelo laboratório, incluem-se livros didáticos sobre educação inclusiva, totalmente disponíveis na internet. Além disso, no Museu do LEG existe uma biblioteca com volumes infantis impressos em braile e uma das seções é destinada exclusivamente a material didático para o ensino deste alfabeto.
Para outras informações sobre o Laboratório de Ensino de Geometria, acesse o link: http://leguff.weebly.com