O fim do semestre letivo de 2016 teve um gostinho de vitória para a Faculdade de Turismo e Hotelaria (FTH) da UFF. Um case desenvolvido pelos estudantes Gabriela Corsino e Marina Vaz, do curso superior de Tecnologia em Hotelaria, e Dionísio Almeida, do bacharelado em Turismo, foi o vencedor do 3º Desafio Universitário de Turismo. A competição é organizada pela Agência de Comunicações ECA Jr., empresa júnior da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e consiste na resolução de um problema real por universitários de Hotelaria, Eventos, Turismo, Hospitalidade e áreas afins. Pela primeira vez, o evento foi aberto a graduandos de fora do estado de São Paulo, incluindo toda a Região Sudeste. Os vencedores foram contemplados com uma viagem para Buenos Aires.
Na primeira etapa, foram avaliadas as propostas escritas e classificados os melhores trabalhos, que seguiram para uma apresentação oral à banca julgadora, num evento em São Paulo. Na final, ocorrida em dezembro, a UFF competiu com outros cinco grupos: USP, da capital; Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), do campus Sorocaba; Universidade Paulista (Unip), de Campinas; Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), de Belo Horizonte; e a equipe conjunta da Universidade Veiga de Almeida e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UVA/Uni-Rio), da capital fluminense.
O desafio focou especificamente no mercado de consultoria, instigando a capacidade criativa, analítica e o trabalho em equipe”, afirma Lúcia Silveira.
O caso analisado pelos grupos envolveu a resolução de um problema para a São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB). A instituição é responsável por realizar ações de valorização do patrimônio turístico, incentivo à cultura e capacitação de profissionais envolvidos na recepção de turistas no estado e também é gestora da marca “Visite São Paulo”, que realiza a promoção da imagem e de eventos da capital. Para a manutenção de suas atividades, a SPCVB cobra da rede hoteleira a chamada room tax, taxa de serviço que é calculada por quarto e repassada ao hóspede. O valor atualmente varia conforme a categoria da hospedagem, de R$ 2,20 (econômico) a R$ 10 (luxo). Pelas regras, a room tax é opcional e os funcionários dos hotéis não podem fazer a cobrança sem a ciência dos clientes. No Desafio de Turismo, o tema proposto foi “Como conscientizar o cliente final sobre a importância do pagamento da room tax a partir do nível operacional?”.
Para solucionar o problema, os estudantes da UFF desenvolveram um programa de pontos e vantagens voltado aos hóspedes, incentivados pelos funcionários dos hotéis vinculados à SPCVB. Com a adesão, os clientes poderiam usufruir dos empreendimentos associados à instituição e seus parceiros, como restaurantes, cursos, lojas e espaços para entretenimento. Além disso, as empresas envolvidas ofereceriam descontos ou brindes, o que criaria a fidelização.
“No case havia um foco no turismo de negócios porque é o que mais leva visitantes a São Paulo. Em média, o turista que viaja a negócios gasta mais do que o turista de lazer. Mas, pelas pesquisas que fizemos, vemos que são necessidades bem diferentes. A própria definição e características do turismo de lazer e de negócios demonstram isso. Então, um diferencial do nosso trabalho foi justamente destacarmos a importância de cada cliente voltar por lazer e levando a família”, conta Dionísio. Ele lembra, ainda, que outra preocupação foi elaborar propostas que atendessem também o interior, permitindo a descentralização geográfica e a desconcentração do fluxo financeiro da cidade de São Paulo.
Conhecimentos aprendidos na UFF foram diferencial para a vitória
Dionísio Almeida, que está no último período de Turismo, acredita que os conteúdos do curso relacionados à administração e à gestão foram fundamentais para desenvolver o projeto. “Na graduação, aprendemos a trabalhar com segmentação. Então, defendemos a oferta de serviços e produtos associados a cada perfil e de acordo com as categorias de quarto. Ainda que o objetivo final seja a venda, o consumidor quer sentir retorno e que vale a pena contribuir com a taxa opcional”.
“A experiência do desafio me acrescentou muito como aluna e futura profissional. Com a vitória, fiquei muito mais confiante e determinada. Acredito que será importante para estimular os demais alunos a participarem de concursos e projetos. E, mais ainda, motivá-los a continuar, já que infelizmente o curso de Hotelaria ainda é pouco conhecido e valorizado no Brasil”, avalia Gabriela, que está no último ano e tem interesse pelas áreas de Alimentos e Bebidas e Marketing Hoteleiro.
“Participar do projeto e vencer foi importante para vermos que estamos no caminho certo, e também para nossos professores, que nos incentivam a sempre querer mais. A Hospitalidade é uma disciplina base do curso de Hotelaria e foi uma matéria essencial para o sucesso do projeto, pois nos permitiu contextualizar o trabalho não somente com os benefícios para a empresa, mas também para o usuário”, reforça Marina, que cursa atualmente o terceiro período e já sabe que quer dar continuidade à formação no mestrado.
Segundo a coordenadora do curso superior de Tecnologia em Hotelaria da UFF, Lúcia Silveira, concursos como esse permitem aos estudantes uma aproximação com a realidade do mercado de trabalho, incentivando-os a pensar de maneira estimulante em uma solução para os problemas. “O desafio focou especificamente no mercado de consultoria, instigando a capacidade criativa, analítica e o trabalho em equipe”, afirma Lúcia, que também é professora do bacharelado em Turismo. Foi dela a sugestão de que os grupos fossem formados por equipes mistas, envolvendo os dois cursos, a fim de que o olhar sobre o desafio fosse multifacetado.
A participação no Desafio Universitário de Turismo foi fruto de uma ação colaborativa que envolveu o corpo docente dos dois cursos e os estudantes, inclusive representantes dos diretórios acadêmicos (DAs). De acordo com Dionísio, para receberem o prêmio a equipe contou com o apoio financeiro de um grupo da Faculdade de Turismo e Hotelaria. “Nos desdobramos para ajudar nas despesas dos alunos e nas passagens, já que a final foi em outro estado”, acrescenta a professora Lúcia. Na volta para Niterói, os vencedores foram recebidos com festa.