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Já é realidade! UFF começa a produzir seus primeiros ventiladores mecânicos

Num esforço coletivo de propor ações de mitigação do impacto da pandemia de COVID-19 no Brasil, uma ação liderada pelo coordenador do curso de Engenharia Elétrica da UFF, Daniel Henrique Nogueira Dias, lança até o final dessa semana um primeiro protótipo de ventilador mecânico. O projeto faz parte da “FRENTE UFF”, iniciativa que reúne professores, alunos, colaboradores da comunidade interna e externa, com o objetivo de combater os efeitos do novo coronavírus, antes, durante e após a pandemia.

De acordo com Daniel, o projeto de produção do ventilador mecânico somou-se a outro que já estava em andamento, de confecção de equipamentos de proteção individual (EPIs), desde máscaras do tipo “faceshields” até as de tecido, assim como roupas de proteção dos agentes de saúde que estão na linha de frente no combate ao COVID-19.

“Desde a emergência da pandemia, surgiu a ideia de trabalhar na construção de algum modelo de ventilador, visto ser este o principal equipamento utilizado para casos graves da doença, e que, inclusive, estava em falta no mercado internacional. Mas após algumas conversas com equipes médicas, principalmente do Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP), fomos alertados de que, naquele momento, o mais urgente seria produzir EPIs, a fim de evitar que os profissionais da saúde fossem contaminados e se transformassem em potenciais vetores do vírus”, destaca.

Paralelamente à produção do primeiro protótipo de ventilação mecânica, segundo informa o coordenador, já está começando a ser fabricado um segundo protótipo, que contém modificações estruturais que irão facilitar sua montagem em larga escala, conferindo mais agilidade a todo esse processo. A finalização desses ventiladores, segundo Daniel, é essencial para que testes mais específicos possam ser realizados.

“Basicamente estes equipamentos devem seguir uma série de normas antes de estarem disponíveis para uso comercial. É fato que, durante este período de crise, os critérios necessários para sua validação estão um pouco mais flexíveis. Ainda assim, precisa-se de uma bateria de testes clínicos. Após esta etapa, um pedido de homologação deve ser feito junto à ANVISA, para que, após a análise e aprovação pelo órgão, o equipamento seja utilizado de forma operacional pelos médicos. Esses ainda necessitam de um pequeno treinamento para utilização do equipamento”, explica.

Os prazos são curtos, mas as metas são grandes. O intuito da iniciativa é o de produzir o maior número de equipamentos no tempo mais breve possível, de acordo com as necessidades que forem se apresentando. Para isso, de acordo com Daniel, o projeto está sendo desenvolvido pensando em peças e componentes que sejam de fácil acesso no mercado nacional. “Assim que o ventilador estiver disponível para uso em hospitais, faremos um cadastro das instituições (como estamos fazendo com os EPIs) e teremos uma melhor ideia de quantas unidades serão necessárias não só para agora, mas para o futuro também”.

Nada disso seria possível, ressalta Daniel, se o interesse que une as pessoas não fosse comum. Segundo ele, construir e disponibilizar projetos complexos para a sociedade de forma rápida e eficiente, a exemplo de um ventilador, faz parte do compromisso que as universidades públicas possuem com o mundo que as cerca: “as iniciativas realizadas por estas instituições não estão vinculadas ao lucro de uma única pessoa ou entidade. No meu pensamento, este é um princípio que faz a diferença em um momento como este que estamos passando. A ausência de instituições públicas, quaisquer que sejam elas, poderiam comprometer o direcionamento de suas ações, favorecendo a desigualdade e concentração de renda”, finaliza.

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