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Alunos dos cursos de Geofísica e Engenharia de Petróleo da UFF se classificam para final de concurso internacional

Uma equipe formada por cinco alunos da UFF, dos cursos de Geofísica e Engenharia de Petróleo, representará a universidade em Londres na final da primeira edição do “Minus Co2 Challenge”. A disputa, que será realizada em junho, é dividida em três fases, e segundo a integrante Paula Camargos, tem como objetivo principal “desenvolver um campo de petróleo com zero emissão de CO2”. O local usado como referência para realização das pesquisas foi um campo produtor de petróleo localizado em Norne, na Noruega. O time apresentará seu projeto na conferência anual da Associação Europeia de Engenheiros e Geocientistas – organizadora do concurso –, e concorrerá com duas outras grandes instituições de ensino: Universidade de Manchester (Inglaterra) e Universidade de Dalhousie (Canadá).

Para chegar até a final, os estudantes já passaram por duas etapas eliminatórias. Primeiramente, os grupos participantes precisaram fazer uma apresentação geral das principais ideias e tecnologias que seriam utilizadas. Após avaliação dos jurados, apenas dez universidades avançaram para o segundo estágio. Nessa fase, os alunos tiveram que produzir um documento detalhando o projeto, além de um vídeo de cinco minutos que explicasse os principais pontos do trabalho. Por fim, no dia três de junho, os finalistas vão dispor de 30 minutos para exibir os detalhes de suas propostas para uma banca de avaliadores analisar e tirar suas dúvidas em relação ao que foi produzido.

A faculdade vencedora vai receber uma premiação significativa por parte da entidade. Além da recompensa financeira de 1.500 €, o time ganhador terá seu trabalho publicado e também será oferecida a oportunidade de apresentar sua obra em outra grande conferência de porte internacional: a Near Surface Geocience 2019, que acontece em setembro, na Holanda.

“Quem estudou ou estuda em alguma universidade pública sabe o sentimento que cada um tem com sua. É igual ao torcedor fanático por seu time de futebol ou o de um patriota por sua nação.”, Jackson Fonseca

Segundo os membros da equipe, a ideia de participar do “Minus Co2 Challenge” surgiu através do professor do departamento de Geofísica, Rogério Santos, que sempre incentiva seus alunos a participarem deste tipo de competição. O grupo capitaneado pelo docente é composto pelos graduandos Marco Aurélio Gemaque, Edmarley Ramos, Paula Camargos, Priscilla Lima e Jackson Fonseca.

Fazer parte de uma disputa desse porte demanda um grande empenho por parte dos estudantes. Por isso, a maior dificuldade encontrada pela equipe foi conseguir tempo suficiente para se dedicar à competição. Com quase todos os integrantes empregados e na reta final da graduação – muitos em meio à produção de seus trabalhos de conclusão de curso –, o cenário não era ideal. Entretanto, segundo Edmarley Ramos, a forte união entre eles foi um fator importante para a superar os obstáculos que surgiram pelo caminho.

Além disso, a questão financeira se tornou o principal percalço para os alunos durante a reta final. Os organizadores do evento disponibilizaram recursos para arcar com as despesas de apenas três membros do time. Para garantir que todos consigam marcar presença na cidade inglesa, o grupo abriu uma “vaquinha virtual” para arrecadar a quantia necessária. Até o momento, foram levantados pouco mais de cinco mil dólares, valor que corresponde à metade do que é preciso para cobrir os custos. Para contribuir com os alunos da UFF, acesse: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/539362 .

Na entrevista a seguir, os integrantes da equipe falam sobre a competição da Associação Europeia de Engenheiros e Geocientistas:

1 ) O tema da competição refere-se à presença excessiva de gás carbônico na atmosfera, e convida os estudantes a apresentarem projetos que busquem diminuir a emissão desta substância. Como foi decidida a abordagem que vocês usaram sobre a temática? E qual o diferencial do trabalho de vocês para ter alcançado a fase final?

Tivemos várias reuniões, brainstorms, pesquisamos bastante sobre estratégias e tecnologias que ajudassem a reduzir as emissões durante a produção e montamos nosso trabalho em cima disso. O diferencial, eu diria, é um trabalho tecnicamente forte com estratégias e objetivos bem amarrados, com dados para suportar nossas conclusões, além da união do time, que sempre tentou buscar a melhor solução para todos os problemas. Isso tudo aliado aos conceitos técnicos importantes adquiridos durante nossas aulas ao longo da faculdade, claro.

2) Qual o impacto que o projeto de vocês pode causar na sociedade?

O propósito do trabalho era desenvolver um campo de petróleo com zero emissão de CO2. Ao atingirmos o objetivo, apresentamos novas formas de se produzir petróleo, um produto indispensável na sociedade de hoje, de forma mais limpa e sustentável. Apresentamos o escopo de um projeto, o primeiro passo para a mudança de paradigma na produção de petróleo.

3) Como é competir com universidades estrangeiras em um evento deste porte?

É muito gratificante ter chegado neste nível. Uma competição onde era possível inscrever inclusive mestrandos, nós, com um time de cinco bacharelandos, estamos disputando a final com outras duas importantes faculdades do setor. Exemplos deste tipo precisam ser disseminados para que os jovens brasileiros se interessem e comecem a buscar mais competições acadêmicas. Nossa qualidade e capacidade intelectual é tão alta quanto qualquer universidade estrangeira.

4) Há quanto tempo a equipe está trabalhando junta?

Os trabalhos iniciaram em setembro de 2018, depois de dois dos alunos (Marco e Edmarley) terem aulas com o professor Rogério, que ministra algumas matérias para a Geofísica e Engenharia de Petróleo, e estamos trabalhando juntos há nove meses com os outros membros.

5) A UFF deu algum tipo de suporte financeiro para a realização do projeto?

Lamentavelmente devido às complicações atuais em termos financeiros pelas quais passa a UFF e outras universidades federais, não foi possível obter recursos para esta competição específica. Porém, a universidade sempre se mostrou aberta a apoiar outras competições, tanto da Geofísica como da Engenharia. E mesmo hoje não tendo sido possível ajudar, houve uma ampla divulgação entre os professores do quadro para que apoiassem a vaquinha individualmente, mostrando o engajamento da instituição em representar seus alunos.

6) Em um momento tão complicado para as universidades públicas do país, qual o sentimento de representar a UFF em um projeto reconhecido internacionalmente?

É um misto de alegria e esperança. Alegria por representar nossa universidade. Quem estudou ou estuda em alguma universidade pública sabe o sentimento que cada um tem com sua. É igual ao torcedor fanático por seu time de futebol ou o de um patriota por sua nação. E esperança por saber que temos muito potencial humano. Posso falar pelos amigos e conhecidos da Engenharia, que eles possam ter a oportunidade de fazer a diferença em prol da nossa sociedade. Quem sabe nossa participação na conferência anual da Associação Europeia de Engenheiros e Geocientistas possa fazer o “pessoal lá de cima” repensar seus critérios em relação às ações que devem ser tomadas para a melhoria do nosso país, ou até mesmo, quem sabe, possa surgir alguma parceria público-privada com algum investimento na nossa instituição. Essa conquista demonstra o valor que não somente a UFF, mas a educação pública possuem.

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