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Libras: curso capacita servidores para a inclusão de alunos surdos na UFF

Com o objetivo de cumprir com o estabelecido no Decreto 5.626/2005, que regulamenta a lei que reconhece e oficializa a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua oficial da comunidade surda brasileira, a UFF criou o Curso de Extensão em Libras. Com início no primeiro semestre deste ano, o curso está em sua segunda turma.

O propósito do projeto é garantir a inclusão do surdo na universidade e sua proposta se aplica, principalmente, no âmbito da capacitação dos servidores das instituições de ensino do Rio de Janeiro, incluindo a UFF. Também foram criadas vagas para atendimento à comunidade interessada no aprendizado da Libras.

Para a coordenadora do setor de Libras, Mariana da Cunha, é importante que a universidade esteja envolvida em todo processo de inclusão. “Neste projeto, propomos um curso de introdução à Língua Brasileira de Sinais, módulo I e II, em duas modalidades de ensino: presencial e à distância (via plataforma moodle), alcançando assim um quantitativo maior de interessados em se aprofundar na área, bem como oferecer ao surdo o acesso à informação, educação e todos os seus demais direitos de cidadão brasileiro”, afirma.

Mesmo com o auxílio de um decreto que garante o ensino da Libras pelas instituições de ensino, o processo de adoção dessa disciplina não é simples. As universidades brasileiras oferecem o mais variado cardápio de habilitações em línguas estrangeiras, mas não conseguem implementar em sua grade curricular a Língua Brasileira de Sinais. “Para a criação de uma habilitação existem exigências que o corpo docente atual ainda não pode oferecer, principalmente no que diz respeito ao número de profissionais”, explica Mariana.

A pior barreira ainda enfrentada no cotidiano das pessoas com deficiência na universidade é a atitudinal, o preconceito”, Lucília Machado.

O decreto prevê a capacitação mínima de 5% da equipe de servidores das redes públicas de ensino em Libras, assim como o acesso do aluno à educação, informação e comunicação, além de tornar obrigatório o ensino da língua de sinais nas instituições federais. Sendo assim, a capacitação nessa área é de extrema importância quando o assunto é inclusão do surdo no ambiente educacional.

O curso de extensão conta com a colaboração de cinco professores de Libras, entre surdos e ouvintes. No primeiro módulo, participaram 50 alunos no modo presencial e 50 à distância. Já no segundo, que teve início em 26 de agosto, o projeto está funcionando apenas com o presencial e com 60 vagas preenchidas. “A procura para essas vagas foi de 559 pessoas em 2 semanas de inscrição, uma grande demanda. Acredito que o número expressivo de candidatos seja resultado da pouca oferta de cursos de qualidade nesta área”, garante a coordenadora.

De acordo com Mariana, a Libras é uma língua brasileira oficialmente reconhecida e que deveria ser ensinada nas escolas, assim como o português. No entanto, ela acaba sendo tratada como se fosse uma língua estrangeira, recebendo menos valor do que merece.

Para a professora, é de suma importância capacitar os servidores da UFF para receber surdos no ambiente educacional, já que o acesso à educação e informação é direito de todo cidadão. “Atualmente, na universidade, contamos com a colaboração do segurança Mario Junior – que trabalha no bloco D do Gragoatá. O funcionário, por iniciativa própria decidiu aprender a língua, se tornando popular entre os surdos. Sempre que alguém precisa de alguma informação prática é a ele que recorre. Atualmente, acredito que ele seja o único servidor que tenha essa formação”, exemplifica.

Já para a coordenadora do Sensibiliza UFF, Lucília Machado, é imprescindível que todos os servidores – técnicos administrativos e professores – sejam não só capacitados, mas também sensibilizados com as questões relativas à acessibilidade e inclusão. “A pior barreira ainda enfrentada no cotidiano das pessoas com deficiência na universidade é a atitudinal, o preconceito”, reforça.

Segundo a aluna do 2º período de Ciências Contábeis, Vanessa Rodrigues Ildefonso, o curso de Libras é fundamental para o atendimento de uma parcela da comunidade surda, na qual ela se inclui. “Lembrando que nem todos os surdos sabem Libras, mas, pelo menos, os servidores saberão lidar melhor tanto com os sinalizados quanto com os oralizados”, ressalta.

Na opinião de Vanessa, outros obstáculos em relação à inclusão dos surdos no universo acadêmico também precisam ser encarados. “Escassez de acessibilidade, não só a Libras, mas a falta de legenda (estenotipia), o pouco preparo dos professores sobre como passar os conteúdos para os surdos – já que muitos têm uma grande dificuldade com a interpretação do português – são obstáculos que precisam ser transpostos no processo de inclusão dos surdos no universo acadêmico”, conclui a graduanda.

Eventos

No dia 12 de setembro, aconteceu o I Seminário Libras em Debate: A urgência da difusão, valorização da Libras e a inclusão do surdo na sociedade (SELIDE), no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRJ), em Campos dos Goytacazes. O evento contou com palestras, oficinas, apresentação cultural e mesa de debates, tendo como objetivo divulgar e valorizar a Língua Brasileira de Sinais, além de conscientizar sobre o respeito e a inclusão à pessoa surda, capacitando profissionais. Sua realização se deu entre a parceria da UFF com o Instituto Federal Fluminense (IFF).

Já no dia 20 de setembro será realizado na UFF, no Campus Gragoatá, o I Encontro de Professores Bilíngues de Surdos (I Probis). O evento visa proporcionar um ambiente de trocas de experiência e informações entre professores das rede pública e privada que trabalhem com surdos, pesquisadores na área de Libras, surdez e bilinguismo, alunos dos cursos de licenciatura e demais interessados. Além de palestras e apresentação de pôsteres, o evento contará também com minicursos oferecidos por profissionais da educação, de diversas disciplinas, que apresentarão formas de trabalhar com o aluno surdo em sala de aula, dentro de um contexto bilíngue.

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