A Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Instituto Médico Legal (IML) de Volta Redonda estão unindo esforços para garantir maior acesso à informação e fortalecer os direitos das famílias de pessoas desaparecidas. A iniciativa, coordenada pela professora Dra. Vanessa Terrade, da UFF, e por Ricardo Barcellos, diretor do IML de Volta Redonda, busca estruturar medidas que garantam um atendimento mais humanizado e eficiente para a população do Sul Fluminense.
A ideia de fortalecer essa cooperação surgiu após o caso de uma mãe, conhecida como Tia Chica, que procurou a UFF buscando apoio para identificar e sepultar seu filho. A demora nos resultados de exames de DNA e a falta de informação sobre procedimentos adequados levaram a universidade a perceber a ausência de uma legislação específica que proteja os direitos das famílias nessa situação. Com isso, a parceria com o IML tornou-se essencial para garantir que outras famílias não fiquem desamparadas diante dessa realidade.
Uma das primeiras ações concretas dessa cooperação é a elaboração de uma cartilha informativa, que trará orientações sobre os direitos das famílias e os procedimentos a serem seguidos em casos de desaparecimento e identificação de corpos. O material está sendo produzido por estudantes da UFF e será complementado pelo IML, com a contribuição da Defensoria Pública e do Ministério Público. O objetivo é garantir que qualquer cidadão possa exigir seus direitos com base em um documento oficial e acessível.
O envolvimento dos estudantes de Direito, Psicologia e Administração Pública da UFF nessa iniciativa é uma oportunidade única de aliar teoria e prática. Para os alunos de Direito, visitas técnicas ao IML permitirão um contato mais próximo com as questões legais e humanitárias envolvidas na identificação de corpos. Já os estudantes de Psicologia estão sendo chamados a contribuir com a humanização do atendimento prestado pelos servidores do IML, auxiliando no acolhimento das famílias em momentos de grande sofrimento.
Outro ponto importante dessa parceria é a possibilidade de desenvolvimento de um aplicativo que funcione como um obituário online, permitindo que familiares consultem informações sobre corpos não identificados sem a necessidade de deslocamento até o IML. A Polícia Civil do Rio de Janeiro já manifestou interesse na criação dessa ferramenta, mas a falta de investimentos em tecnologia tem sido um obstáculo. A UFF pretende buscar bolsas de pesquisa para envolver estudantes da área de Informática no desenvolvimento do sistema, garantindo maior eficiência e acessibilidade.
De acordo com a professora Vanessa Terrade, a parceria entre UFF e IML continuará a se expandir e o compromisso da universidade é garantir que o Estado ofereça respostas padronizadas e eficazes para aqueles que buscam informações sobre entes queridos, independentemente de lacunas na legislação.