No planeta, há uma grande incidência de energia limpa e renovável proporcionada pelo Sol. Além de trazer luz, necessária para a vida na Terra, esses raios também podem ser utilizados para a geração energética, tanto na forma de calor quanto na de eletricidade. É a partir desse mecanismo, possível graças à instalação de placas que convertem energia solar em elétrica, que o barco da Equipe Arariboia da Universidade Federal Fluminense (UFF) — organização estudantil que reúne discentes de diversos cursos para a construção das placas e promoção da equipe — se locomove nas águas da Baía de Guanabara.
O projeto da equipe, intitulado “Popularização da aplicação de sistemas de energias renováveis e veículos elétricos através de competições de barcos movidos à energia solar”, foi contemplado, em setembro deste ano, com o Edital Nº 03/2022 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Soma-se a essa conquista o destaque da equipe no Desafio Solar Brasil (DSB), ocupando o segundo lugar no pódio da competição em março deste ano. O DSB consiste num rali de barcos movidos a energia solar que atrai representantes de diversas instituições educacionais e centros de pesquisa do mundo. Além disso, é uma realização do Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social/UFRJ (NIDES), em conjunto com o Laboratório de Fontes Alternativas de Energia da UFRJ (Lafae) e a Engenharia Mecânica da UFRJ/Macaé.
O barco da Equipe Arariboia possui capacidade para uma pessoa; as placas solares estão localizadas na dianteira e sua velocidade alcança, em média, oito milhas, o equivalente a 13 km/h. Através dessa estrutura, o veículo marítimo da Equipe Arariboia produz energia sustentável e renovável, sem agredir o meio ambiente. Para o professor da UFF no Departamento de Engenharia Elétrica e coordenador do projeto Daniel Henrique Nogueira, há historicamente uma relação da humanidade com a navegação a partir das energias renováveis. De acordo com ele: “Os barcos e navios foram um dos primeiros veículos utilizados pelo homem através da força do vento. As primeiras embarcações já têm esse relacionamento com energias renováveis, principalmente a eólica. Quando desenvolvemos barcos movidos à energia solar, acho que resgatamos um pouco disso, por usar motores elétricos que são muito silenciosos e uma fonte de energia renovável, que é a solar. Com isso, operamos de forma limpa e sustentável”, explica.
Além disso, o coordenador do projeto reitera que a utilização desses veículos é muito benéfica, levando em consideração o contexto geográfico. “O Rio de Janeiro é um estado costeiro e, ainda assim, aproveitamos pouco a orla. O barco é um meio de transporte que tem uma interação grande com a sociedade. Então, o fato de a gente usar energia solar e motores elétricos nas embarcações permite que tenhamos alcance e divulgação maiores para aqueles que têm menos acesso a esse tipo de tecnologia”, afirma.
A conquista do fomento da FAPERJ representa grande incentivo para a equipe, principalmente levando em consideração o retorno após dois anos de pandemia, com as atividades suspensas. A estudante do quarto período de Engenharia Elétrica na UFF e atual capitã do Equipe Arariboia, Evelyn Galdino, lembra com muito orgulho o que os integrantes, em conjunto com o coordenador, conseguiram alcançar após esse período: “Durante a pandemia, o projeto ficou parado. Mas o Daniel reorganizou a equipe para ser possível realizar a competição, que ocorreu no início deste ano, na qual conquistamos o segundo lugar. Na última edição, no início de 2020, nós tínhamos conquistado o terceiro lugar. Digo que a equipe vem numa crescente, e é motivo de muito orgulho para mim que a gente tenha mantido a evolução mesmo após esse período difícil”, destaca a capitã.
Além do sentimento de orgulho, realização e desenvolvimento pessoal dos integrantes, as trocas sociais e culturais do projeto ultrapassam o convívio da comunidade universitária. De acordo com Evelyn, a equipe promove “um projeto de pensamento, que leva o que está dentro da universidade para o exterior”. Nesse sentido, são oferecidas apresentações para turmas iniciantes do curso de graduação, dentro e fora da universidade; são realizadas parcerias com escolas municipais nas quais apresenta-se aos alunos o funcionamento básico de uma embarcação, além do contato e da troca realizada durante as competições do Desafio Solar Brasil. “Instigar esse tipo de questionamento nos jovens faz com que eles tenham mais interesse, que eles queiram aprender e desenvolver o senso de responsabilidade pelo meio ambiente, pois é uma energia limpa, renovável e que tem um grande potencial no Brasil graças à incidência solar”, finaliza a capitã.