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Projeto da UFF desenvolve em uma comunidade de Angra dos Reis tecnologia inovadora de tratamento e abastecimento de água

Promover a sustentabilidade de ecossistemas hidrográficos é, sem dúvidas, um dos desafios do século atual, nas mais diversas regiões do planeta. Particularmente, no município de Angra dos Reis, Rio de Janeiro, essa tarefa é não apenas necessária, como urgente, em razão de características da localidade, que é atingida por fortes chuvas em alguns períodos do ano e que atravessa um momento de expansão demográfica.

Em meio a essa realidade, o professor do Departamento de Geografia e Políticas Públicas do Instituto de Educação de Angra dos Reis – Universidade Federal Fluminense (IEAR/UFF), Anderson Mululo Sato, desenvolveu o projeto “Bacia Escola do Retiro”, iniciado em 2017 a partir da interação com a Associação de Moradores da Praia do Retiro e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Angra dos Reis/RJ. O intuito era promover, através das águas, a sustentabilidade do sistema hidrográfico onde a comunidade se insere, uma vez que existem desafios relacionados à gestão, quantidade e qualidade das suas águas.

De acordo com o professor, trata-se de uma tecnologia social inovadora, “que adota uma bacia ou sistema hidrográfico em busca da sustentabilidade e resiliência a desastres por meio da gestão ambiental participativa, integrando ciência cidadã, educação ambiental, agroecologia e hidro-solidariedade, que pode ser definida como o compromisso ético pelo qual as pessoas cuidam e integram a sociedade-natureza através das águas. Essas atividades devem atender a requisitos de simplicidade, baixo custo, fácil aplicabilidade e reprodução e impacto social comprovado”, explica.

Uma das importantes conquistas do projeto foi a formação de uma organização coletiva, que atua na gestão socioambiental nos territórios das Bacias Escola, chamado de Núcleo Comunitário de Sustentabilidade (NCS). Esse núcleo, como aponta Anderson Sato, obteve um avanço significativo na pauta do saneamento básico, sendo a Bacia Escola do Retiro o primeiro território a desenvolver e a receber um projeto de tratamento de esgotos na região da Costa Verde (que, no Rio de Janeiro, engloba os municípios de Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty) por meio da instalação de biodigestores, que aceleram o processo de decomposição da matéria orgânica. Além disso, essa tecnologia, através do Comitê de Bacia Hidrográfica da Baía da Ilha Grande (CBH-BIG) e parceiros, está beneficiando outras comunidades da baía da Ilha Grande, Patrimônio Mundial da Humanidade.

Outro destaque da iniciativa é a implantação, na Bacia Escola, de um sistema de abastecimento de água considerado como modelo pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Angra dos Reis/RJ para as demais localidades do município, com melhorias significativas no sistema de captação, tratamento, armazenamento, distribuição e monitoramento de água para a população. De acordo com o professor, “a Bacia Escola do Retiro tornou-se uma das principais referências na região, tendo oportunizado a mais de 800 participantes vivências na Bacia Escola de abril de 2022 a março de 2023. Neste último ano, foram quase 50 atividades, totalizando mais de 800 horas de dedicação, principalmente com alunos e professores das unidades de ensino da educação básica e ensino superior, além de lideranças de diversas comunidades da região”, comemora

De acordo com o idealizador e coordenador do projeto, as perspectivas futuras são muitas e já começaram a ser desenhadas no horizonte. Atualmente, ele está trabalhando na adaptação da tecnologia social Bacia Escola para um novo espaço no município de Bom Jardim, região serrana do estado do Rio de Janeiro, na Bacia Escola da Barra de Santa Tereza, a partir da integração entre a universidade, a Prefeitura Municipal de Bom Jardim, a Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento do estado do Rio de Janeiro e a Associação de Moradores e Produtores Rurais da Barra de Santa Tereza. Para Anderson Sato, “será um grande desafio, pois queremos demonstrar que a tecnologia social Bacia Escola é replicável em diferentes espaços e pode ser incorporada pelas comunidades, instituições públicas, privadas e ONGs com o foco na promoção da sustentabilidade e resiliência a desastres”, finaliza.

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