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Prev-IST: aplicativo criado por aluno da UFF esclarece dúvidas sobre saúde sexual para diversos públicos

Além de democratizar o acesso seguro a informações, o aplicativo pretende criar a consciência crítica frente às doenças e ao conhecimento sobre próprio corpo

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada em 2021, apontou que cerca de um milhão de pessoas afirmaram ter tido diagnóstico médico de ISTs ao longo de 12 meses, o que corresponde a 0,6% da população com 18 anos ou mais. As Infecções Sexualmente Transmissíveis — que substituem a nomenclatura Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) devido à possibilidade de um indivíduo ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas — são ocasionadas por fungos, bactérias, vírus ou outros microrganismos. Sua transmissão ocorre, muitas vezes, por via sexual, quando não é utilizada a camisinha masculina ou feminina. Outras formas de transmissão ocorrem através da gestação, da amamentação e do compartilhamento de objetos pessoais.

Diante desse cenário, o graduando da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense (EEAAC-UFF), João Victor Manço Resende, desenvolveu o Prev-IST, um aplicativo completo sobre educação sexual e prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Seu objetivo é transmitir informações confiáveis de modo rápido, acessível e gratuito, através do oferecimento de diversas temáticas relevantes para auxiliar na tomada de decisões seguras. O aplicativo busca combater o estigma e a desinformação sobre as doenças que colaboram com o contágio de mais pessoas e o agravamento de diversos casos. A programação foi realizada por Igor Barreto Meirelles, estudante de Tecnologia em Sistemas de Computação e bolsista Pibinova no Consórcio Centro de Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ), com a orientação do professor de Saúde Coletiva, Políticas Públicas e Metodologia Científica da UFF, Jorge Luiz Lima.

Ao acessar o aplicativo, por meio do link ou QRcode, o usuário detém algumas possibilidades de leituras, como: informações sobre as IST (sintomas e modo de transmissão), prevenção combinada (Profilaxia Pré-Exposição – PrEP, Profilaxia Pós-Exposição – PEP, testagem regular, vacinação e outros), puberdade, métodos contraceptivos, violência sexual e vídeos. Os materiais podem ser encontrados na página do Instagram e os vídeos, produzidos pelo canal Ciência & Saúde UFF, também estão disponíveis no Youtube.

O professor Jorge Luiz Lima afirma que a importância desse projeto é fazer “com que a comunidade, em geral, tenha acesso à informação em saúde de forma direta, adaptada, simples e sem custos, aproximando a criatividade e os dados da ciência produzidos na universidade dos jovens vulneráveis, seus pais e familiares. Das escolas para as famílias e dali para amigos, e assim disseminando a informação”. Com esse intuito, foram elaborados dois aplicativos com métodos educativos: o HPV quiz, um jogo organizado de forma lúdica para instigar a curiosidade e desafiar o participante, e o Prev-IST, que é mais completo e reúne dados de diretrizes nacionais da assistência à saúde do adolescente, assim como suas cadernetas, protocolos de atenção à saúde da mulher, planejamento familiar, direitos sexuais e reprodutivos, e o protocolo clínico para pessoas com IST do Ministério da Saúde. As informações são simples, com imagem e tecnologia mais moderna, podendo ser acessadas até mesmo sem rede, sem gastar espaço nos celulares para sua instalação (PWA), rodando em PC e também em celular. Após a apresentação em eventos científicos esse projeto ganhou o 1º lugar no Prêmio Rosalda da Cruz Nogueira Paim na Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa – EEAAC/UFF e 1° Lugar emergências e reemergências em saúde na 17a Semana Científica do Hospital Escola São Francisco de Assis UFRJ.

Foto de uma palestra realizada no Colégio Universitário Geraldo Reis (Coluni-UFF) com 200 adolescentes em três rodadas.
Créditos da foto: Arquivo pessoal

Para uma maior divulgação desses conhecimentos, o aplicativo vem sendo utilizado e apresentado em escolas públicas, como no Colégio Universitário Geraldo Reis (Coluni-UFF), em ações de educação em saúde. Para o aluno João Victor Manço Resende, o acesso à educação pode ser efetivo no controle do número de pessoas com ISTs no Brasil, permitindo o entendimento de práticas saudáveis de saúde, além de formar uma rede de pessoas conscientes que não propagam tabus a respeito desses assuntos.

Ainda de acordo com João Victor Manço, a importância desse tipo de projeto nas comunidades seria a de promover a saúde, através de “um processo que visa capacitar a comunidade, mirando na melhoria da qualidade de vida, com interfaces em diversos setores. Sendo assim, esse projeto favorece a construção de saberes e a tomada de decisão dos usuários, por meio da transmissão de conhecimentos. As tecnologias da informação e comunicação na área da saúde, exemplificadas neste estudo por meio do uso do app, se apresentam como recursos em potencial para a melhoria dos índices de saúde da população. Ao favorecer o processo de democratização do acesso seguro à informação, elas funcionam como auxiliares nas atividades de prevenção, promoção, assistência e acompanhamento de saúde”.

Além do incentivo a uma melhor educação sexual, o professor Jorge Luiz Lima complementa que o aplicativo tem o intuito de conscientizar, empoderar, gerar um autoconhecimento sobre o corpo, prevenir violências, estabelecer um senso de preservação e segurança, estimular o uso de recursos virtuais, ser um canal de acolhimento e recepção de dúvidas. Nesse cenário, o projeto está sendo atualizado e construído a cada mês. As sugestões são acolhidas pelos profissionais, seja por meio de interações nas escolas públicas ou via link de dúvidas dos usuários.

Com a equipe do aplicativo totalmente integrada para registrar e divulgar informações científicas importantes sobre educação sexual, é notável a dedicação do grupo para promover a conscientização entre crianças e adolescentes. O projeto já conta com resultados positivos, a exemplo de um alto índice de acesso, podendo chegar a 200 por semana, de acordo com a divulgação realizada nas redes sociais e nas escolas. Por fim, apesar da proposta inicial ser atender os adolescentes, esse aplicativo apresenta esclarecimentos para diversos públicos, além de se configurar como um instrumento de auxílio para profissionais de saúde, professores e pais.

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