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Equipe Arariboia: UFF avança em sustentabilidade com construção de barco solar

Com o objetivo de incentivar o uso de fontes alternativas de energia, a Equipe Arariboia trabalha há cinco anos na construção de um barco solar, tecnologia ainda pouco aplicada no Brasil e que pode gerar importantes avanços em sustentabilidade para o país.

Criada em 2012, a equipe é composta por 40 estudantes dos cursos de engenharia elétrica, mecânica, de recursos hídricos e do meio ambiente, civil, química, de produção, além de desenho industrial. O grupo, anualmente, representa a UFF no Desafio Solar Brasil (DSB) – principal competição universitária nacional de barcos movidos à energia solar – que oferece espaço para geração de conhecimento prático aos participantes.

Segundo o coordenador do projeto e do curso de graduação em Engenharia Elétrica, Daniel Henrique Nogueira Dias, o trabalho desenvolvido pela Arariboia possui grande alcance social, uma vez que as competições são realizadas em locais públicos e de livre acesso para a população. “O objetivo principal destas ações é promover a disseminação da ciência e da tecnologia para a comunidade externa e atrair cada vez mais estudantes para esta área do conhecimento”, ressalta.

Dezoito equipes participam do DSB 2017, que é realizado pela UFRJ através do Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social (Nides), em conjunto com o Laboratório de Fontes Alternativas de Energia (Lafae) e a Engenharia Mecânica/Macaé. A iniciativa é inspirada no Frisian Solar Challenge – competição europeia para embarcações solares – organizada a cada dois anos na Holanda.

Com planos futuros de integrar o evento náutico holandês, a Arariboia identifica no Desafio Solar uma chance para desenvolver o trabalho em equipe e a formação para o mercado de trabalho, como enfatiza a representante do grupo e estudante do 4º período de Engenharia de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, Ana Carolina de Souza: “A união e o contato com outros profissionais da área são fundamentais para nossa atuação no mercado de trabalho e, participando do desafio, também temos a oportunidade de conhecer as diversas etapas de produção”.

O barco solar construído pela UFF é composto por um casco (fruto de uma doação da UFRJ), além de motor, bateria, placas solares e parte da direção produzidos e incorporados ao projeto pelos estudantes, sempre com o foco no melhor rendimento na competição. No laboratório localizado no Campus da Praia Vermelha, a equipe desenvolve ainda alguns sistemas que possam demonstrar no desafio o diferencial do grupo da universidade – dois motores e um tablete para coletar informações dos sensores do barco, como tensão corrente, temperatura e velocidade .

Além da tradicional competição de embarcações, a equipe também participa de diversos eventos ligados ao meio ambiente com intuito, não só de divulgar seu trabalho, como de fomentar o uso das energias alternativas. A Regata Ecológica da Escola Naval, a Barqueata de São José e atividades do Projeto Grael, realizados no Rio de Janeiro, contam com a presença da Arariboia.

Segundo Ana Carolina, em um momento de incentivo mundial às práticas sustentáveis, o investimento em energias renováveis além de reduzir o impacto no meio ambiente, é economicamente viável por diminuir expressivamente os custos. “Com a ideia do barco solar nós queremos mostrar que a sociedade tem a capacidade de aplicar alternativas sustentáveis no dia a dia. Nossa embarcação tem autonomia para funcionar até oito horas na água. Imagina o impacto positivo ao meio ambiente se essa tecnologia fosse implantada nas barcas que ligam o Rio de Janeiro a Niterói, por exemplo”, destaca.

Incentivo às equipes universitárias

Nos cursos da UFF ligados à Engenharia, as disciplinas de introdução têm papel motivador, apresentando aos estudantes os projetos, empresas juniores e áreas de atuação no mercado. “Esse incentivo faz com que logo no início da graduação possamos ver qual área queremos conhecer mais a fundo e quem sabe até atuarmos profissionalmente. Quanto mais prática tivermos, profissionais mais bem preparados seremos”, explica Ana Carolina.

Para o coordenador do projeto, essas iniciativas se destacam por oferecer aos alunos a oportunidade de colocar em prática os conceitos teóricos que são abordados em sala de aula e que muitas vezes não conseguem visualizar aplicação direta. Além disso, promovem uma familiarização com o cotidiano da profissão. “A cooperação e a capacidade de resolver problemas – função principal do engenheiro -, muitas vezes sob extrema pressão, também contribuem para elevar o nível da formação destes futuros profissionais”, salienta Daniel.

O fomento ao desenvolvimento de projetos por parte dos estudantes reflete na responsabilidade e na organização com que as equipes atuam. A Arariboia, por exemplo, é dividida em setores de Elétrica, Mecânica, Marketing, Gestão e Finanças, e oferece capacitações de acordo com a necessidade de cada área de atuação para os novos integrantes. “Quando nós passamos pelo processo seletivo – que é composto por dinâmica de grupo, entrevista individual e projeto final direcionado para a área de interesse – entramos no grupo sem saber muito das especificidades, então é importante para o crescimento da equipe a realização dessas capacitações”, descreve Ana.

Além das bolsas oferecidas pela universidade aos projetos desenvolvidos pelos estudantes, que buscam promover o avanço científico e tecnológico na instituição, as equipes trabalham com patrocínios oferecidos por empresas privadas. A Equipe Arariboia conta com a Faperj e o CNPq, e também com empresas de componentes e tecnologias fundamentais ao projeto como a Ronstan, a Starret e a Cogumelo.

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