Dentre os 40 projetos selecionados em todo o Brasil no Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) – Impactos da Pandemia, entre as 69 universidades federais, três pertencem à Universidade Federal Fluminense. Ao todo, a UFF receberá doze bolsas de mestrado, nove de doutorado e oito de pós-doutorado, além de R$300 mil reais em recursos de custeio.
A iniciativa, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), tem como objetivo apoiar projetos voltados à formação de recursos humanos no âmbito dos Programas de Pós-Graduação (PPGs) stricto sensu das universidades brasileiras, com foco em estudos sobre os impactos sociais, econômicos, culturais e históricos decorrentes da pandemia de Covid-19 nos diversos segmentos da população. Segundo a pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação, Andrea Latge, o expressivo número de projetos da instituição selecionados pelo edital se deve ao fato de que “a UFF foi uma das universidades com resposta mais rápida para incentivar a manutenção da maior parte das atividades acadêmico-científicas de sua comunidade”.
Os projetos da UFF selecionados foram: “Desenvolvimento de um nanoimunoteste rápido de antígeno SARS-COV-2”, da professora Celia Machado Ronconi, do Departamento de Química Inorgânica; “Legado pandêmico: plataformas audiovisuais viabilizam projetos remotos”, da professora India Mara Martins, do Departamento de Cinema e Vídeo e “Assimetrias federativas em tempos de Covid-19: diagnósticos e impactos da recomendação 62 do Conselho Nacional de Justiça nos estados do Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul”, do professor Roberto Kant de Lima, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia.
Segundo Celia Ronconi, o objetivo do seu projeto é validar junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o método empregado no sensor de detecção do vírus da Covid-19, que foi desenvolvido ao longo da pandemia na universidade. “Para a detecção do vírus, utilizamos nanopartículas de ouro, que são funcionalizadas com anticorpos presentes na saliva. Após a validação da Anvisa, nosso método, que tem baixo custo, poderá vir a ser utilizado pelo SUS e adaptado também para outros tipos de vírus”, explica.
Já o projeto do professor Roberto Kant busca mapear e descrever as debilidades e as assimetrias do poder judiciário brasileiro e das políticas criminais em diferentes unidades federativas no contexto da Covid-19, considerando a Recomendação nº 62 do Conselho Nacional de Justiça, que trata das medidas preventivas à propagação da infecção pelo novo coronavírus no âmbito dos sistemas de justiça penal e socioeducativo. “O contexto da pandemia potencializou o risco para os que estão em situação de privação de liberdade. Nesse sentido, a nossa proposta é descrever e analisar como se dá o tratamento desigual na apreciação de pedidos de liberdade de réus presos, realizados em razão da Covid-19, para os casos de furto, roubo, tráfico e homicídio em Campo Grande, Porto Alegre e Rio de Janeiro”, descreve o professor.
Após a pandemia, a professora India Mara reforça que a universidade não será mais a mesma. Seu projeto, que tem como foco as soluções tecnológicas encontradas no contexto educacional durante o período pandêmico, é motivado também pela vulnerabilidade social, econômica e tecnológica dos estudantes, que tiveram dificuldades para dar sequência a seus estudos no período. “Nossas frentes de trabalho são o aplicativo Araci.Lab, que é um repositório de atividades voltadas para a formação profissional do estudante de Cinema e Audiovisual, o Observatório de Cinema e Audiovisual (OCA-UFF), que busca desenvolver uma plataforma de conteúdo informativo/analítico/reflexivo sobre o universo do audiovisual e a ilha de edição remota Tessitura, que é uma sala de edição audiovisual à distância com acesso remoto por docentes e discentes dos cursos de Cinema e Audiovisual da UFF”, detalha.
As universidades, de uma forma geral, perceberam nesse período de pandemia a importância de mostrar ao mundo as pesquisas que são realizadas dentro de seus muros. Segundo a pró-reitora de pesquisa, Andrea Latge, “esse foi um movimento fantástico e de união, de combate às ideias retrógradas que estavam no ar. Na UFF, as atividades de pesquisa mais ligadas à pandemia ganharam também um reforço enorme da comunidade científica. Redes de pesquisa, com participação de várias universidades, começaram a crescer e com resultados excelentes, como fabricação de álcool gel, máscaras de acrílico, análises conjuntas de detecção do vírus, dentre tantos outros projetos com impacto. A pesquisa esteve viva e cresceu”, conclui.