Quando o assunto é acessibilidade e inclusão, a UFF pode se orgulhar de atualmente contar com uma infraestrutura eficiente para atender a praticamente todas as necessidades dos candidatos que concorrem a vagas no quadro funcional da instituição.
No último concurso, com provas aplicadas nos dias 2 e 9 de abril, uma equipe formada por nove intérpretes de Libras, seis ledores e três transcritores, foi disponibilizada para o atendimento dos 68 candidatos – 38 pessoas no primeiro dia e 30 no segundo – que se declararam deficientes e, portanto, receberam atendimento especial.
O bloco B do campus do Gragoatá foi inteiramente liberado aos candidatos com deficiência, já que a maioria realizou as provas em salas separadas. Cada pessoa cega, por exemplo, ocupou uma sala individual, acompanhada apenas do pessoal de apoio, leitor ou transcritor, e do fiscal, assim como os portadores de dislexia, síndrome do pânico ou de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Os participantes surdos tiveram três intérpretes por sala. Já para os candidatos com baixa visão, foram disponibilizados a prova e o cartão de resposta ampliados, em papel A3 – um tamanho três vezes maior que o papel utilizado habitualmente – e escrito em fonte 18, bem maior que a fonte 11 usada nas provas de ampla concorrência.
UFF reafirma seu papel de vanguarda na defesa dos direitos humanos”, ressalta o procurador-chefe, Marcelo Teixeira Bittencourt.
Outro grupo que recebeu atendimento especial foi o das mulheres em fase de amamentação, totalizando 29 nos dois dias de avaliação – 18 no primeiro e 11 no segundo. Essas mães puderam levar os filhos com acompanhantes, os quais também tiveram acomodações reservadas e lugares apropriados. Segundo a coordenadora operacional de concursos, Ana Maria Mendonça Louzada, além da infraestrutura no bloco B, outras cinco pessoas, que participavam da ampla concorrência e estavam em outros prédios também solicitaram apoios de acessibilidade, entre elas Andréa Faria, candidata com nanismo ao cargo de Pedagoga .
Além das demandas específicas solicitadas no ato da inscrição, ainda há os casos de pessoas com necessidade especial momentânea, como por exemplo, convalescentes de enfermidades, com fraturas ou doenças infectocontagiosas. Para atender a esses participantes, a coordenação do concurso também realiza um plantão na véspera da prova.
“A coordenação reserva em todos os concursos pelo menos uma sala vazia para os casos não previstos. No último concurso, por exemplo, uma candidata se recuperava de uma cirurgia na coluna e precisou de um mobiliário específico, além de ter necessidade de se levantar algumas vezes durante a prova; outra participante estava em tratamento quimioterápico e, pela baixa imunidade, necessitava igualmente de uma sala isolada. Outro caso específico é o daquelas grávidas no final da gestação, que muitas vezes não conseguem se acomodar nas cadeiras universitárias”, explica Ana Maria.
“O cuidado dispensado ao atendimento especial torna os concursos mais dispendiosos, porém, o oferecimento dessa infraestrutura é uma prioridade da Coordenação de Seleção Acadêmica (Coseac). Por essa razão, a UFF recebe cada vez mais convites para a realização de provas em diversos estados, prefeituras e órgãos federais, como Ministério do Desenvolvimento Agrário, Nuclep, Ancine ou Imbel”, afirma a coordenadora. No último concurso da Prefeitura de Niterói, uma candidata cega solicitou o exame em braile e não o ledor. Segundo Ana, a universidade ofereceu também a reglete para a marcação e o soroban para os cálculos. “Já no caso da prova de língua estrangeira, é fundamental que os ledores sejam fluentes no idioma”, acrescenta.
O procurador-chefe da Procuradoria Federal junto à instituição, Marcelo Teixeira Bittencourt, que pela primeira vez acompanhou de perto a realização do concurso, reconheceu a excelência do trabalho realizado pela universidade. “Com esse auxílio diferenciado, a UFF reafirma seu papel de vanguarda na defesa dos direitos humanos desse contingente que agora tem 5% das vagas reservadas por lei em todos os concursos federais. A universidade vai além do que determina a lei, tem a preocupação com a inclusão efetiva. Com isso, está cumprindo a Constituição e o Direito Internacional”, conclui.