O Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), iniciou no mês de outubro o uso experimental de óculos de realidade virtual em pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva da instituição, como um projeto piloto que visa ser ampliado para outras unidades do hospital. A ferramenta, que contribui para a reabilitação física e cognitiva, também auxilia no bem-estar emocional e até no controle da dor.
A iniciativa é uma parceria entre a Gerência de Ensino e Pesquisa do Huap-UFF, a Unidade Multiprofissional e a Unidade de Saúde Mental do hospital, e conta com a participação de fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais, que avaliam os pacientes e, de acordo com suas necessidades, utilizam os óculos de realidade como gameterapia (estímulo de exercícios através de jogos virtuais) ou como conforto psicológico e estímulo ao movimento.
O fisioterapeuta Bruno Soares, que atua na Unidade de Terapia Intensiva, explicou que já existe em algumas instituições de saúde a utilização da realidade virtual para controle do delirium, de dor, tratamento de alterações funcionais e otimização da performance física. “Isso contribui para engajar o paciente na terapia e, ainda, com o papel disruptivo de tirar esse paciente do ambiente hospitalar e trazê-lo para um ambiente onde ele se sinta mais confortável, podendo ser exposto a uma realidade ativa (na qual ele realiza algum tipo de exercício com o controle, como a gameterapia) ou passiva, onde eles assistem a conteúdos em vídeo”, pontuou.
Além da reabilitação física, a terapia com realidade virtual traz muitos benefícios psicológicos. “Pode contribuir para um momento de controle da dor, pois conseguimos tirar o foco para uma experiencia que gere prazer, diminuindo a percepção da dor, além de ter a possibilidade de atuar como suporte psicológico para pacientes em cuidados paliativos e os que enfrentam longos períodos de internação”, comenta a psicóloga Camila Lopes, que atua na Unidade de Saúde Mental.
Foi o caso de Carlos Henrique de Carvalho, de 14 anos, que enfrentou cinco meses de internação no Huap-UFF. Em uma passagem pelo CTI, a equipe multiprofissional apresentou os óculos de realidade virtual com o objetivo de estimular o processo de reabilitação física. “Para ele foi um paraíso, entrou no fundo do mar, foi ao campo de futebol por meio dos óculos virtuais, foi muito emocionante na hora”, disse Carlos Alberto de Carvalho, pai do paciente.
Do ensino para a assistência
Os óculos de realidade virtual chegaram ao Huap-UFF por meio de um projeto de emenda parlamentar que previa a produção de conteúdo em saúde voltado à população LGBTQIAP+. Após a conclusão do projeto, a ideia foi dar novas funções ao equipamento, conforme explica o gerente de Ensino e Pesquisa do Huap-UFF, Beni Olej. “Enxergamos inúmeras possibilidades de uso, e o esforço agora tem sido concentrado no sentido de usar esse material para proporcionar uma experiência que ajude a enfrentar as dificuldades de uma internação mais prolongada, e em paralelo desenvolvemos, junto às unidades acadêmicas, conteúdo que possa ser utilizado pelos alunos, incorporando as novas ferramentas tecnológicas tanto no ensino quanto na assistência”, destacou.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh (por Paola Caracciolo)