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Pint of Science: UFF leva ciência aos bares de Niterói

O Pint of Science é um evento mundial que tem a proposta de democratizar o conhecimento científico de um modo no mínimo curioso: levando a ciência para a mesa do bar. Proposto e idealizado por dois pesquisadores do Imperial College London, Michael Motskin e Praveen Paul, o festival teve sua primeira edição no Brasil em 2015 e em 2018 já conta com a participação de 21 países. Nos dias 14, 15 e 16 de maio, o evento chega pela primeira vez à Niterói, com a presença de uma equipe formada por seis membros da UFF.

São Carlos foi a primeira cidade em toda a América Latina a fazer parte do Pint of Science, através do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação (ICMC) da USP, motivado pelo interesse de tirar os cientistas das universidades, levando-os para conversar diretamente com o público em cafés, restaurantes e bares. No evento, houve palestras com os temas tecnologia na educação, economia solidária, robótica, entre outros. A ideia de trazer o festival para Niterói ocorreu na mesma linha. De acordo com a coordenadora científica do evento e professora do departamento de Comunicação Social da UFF, Thaiane Oliveira, a cidade é um palco ideal para receber esse tipo de ação. “A UFF é uma das maiores universidades do Brasil e sua pesquisa é extremamente relevante para muitas áreas. Além disso, Niterói é um importante polo cultural e gastronômico do estado, com diversos bares e restaurantes com vida noturna ativa. Então, por que não juntarmos esses dois valores locais: ciência e cultura gastronômica?”, indaga.

A organização ocorre em níveis local, regional e nacional. Os coordenadores locais identificam pesquisadores e estabelecimentos interessados em participar e, em parceria com as coordenações regionais, montam os três dias de programação. Já a coordenação nacional, comandada pela pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Natalia Pasternak Taschner, responde pelo contato com os idealizadores do evento na Europa e pela relação com patrocinadores. Tanto os coordenadores quanto os cientistas participantes não recebem remuneração – a ideia é mesmo compartilhar e debater o conhecimento de forma voluntária. Além disso, a entrada é gratuita e o público só paga o que consumir nos locais.

A edição de 2018 em Niterói terá em pauta discussões sobre segurança pública, física, esportes, games e altruísmo. O objetivo dessa diversificação é atingir um público mais amplo. “O crescimento de movimentos que deslegitimam a ciência, como o anti-vacina e terraplanismo, são exemplos que ilustram como as ideias científicas estão se distanciando da sociedade. Se conseguirmos nos aproximar mais um pouco e mostrar que a ciência está em seu dia a dia e o que fazemos dentro das universidades é impactante, acho que já será um grande evento”, garante Thaiane.

O importante é estreitar esse diálogo e mostrar que estamos juntos pelo desenvolvimento científico, tecnológico e social do nosso país. E se puder ser divertido, como esperamos que seja, melhor ainda!”, Thaiane Oliveira.

Para participar dos encontros do Pint of Science, não é necessário fazer inscrição, basta escolher entre os assuntos da programação e se dirigir aos lugares que sediarão as palestras. Os restaurantes serão o TioCotó, Bar Itália e Benetto, e a programação completa está no site do evento.

No total, seis componentes da equipe de Niterói são da comunidade da UFF. Além de Thaiane, coordenadora de Comunicação Científica, o docente Pedro Paulo Soares, do departamento de Fisiologia, é o Coordenador Geral do evento. Thiago Oliveira, da Física, e Letícia Oliveira das Ciências Biomédicas, também professores, fazem parte do Comitê Científico. Já as outras participantes são a ex-aluna do curso de Letras, Monique Feder, membro da Coordenação de Comunicação e a aluna de pós-graduação em Comunicação Social, Lumárya Souza, da Assessoria de Imprensa.

Para Monique, o evento é um marco na história da universidade. “A participação da UFF e a inclusão de Niterói no mapa do festival representam a crescente expansão das atividades extramuros da nossa instituição e o potencial de articular parcerias locais engajadas em promover a socialização dos conhecimentos científicos”, destaca.

Além deles, muitos outros professores da instituição também participarão do festival. Palestrante do dia 14, a professora do curso de Antropologia, Ana Paula Miranda, falará sobre o tema da Segurança Pública. “A ideia de participar de um debate em um bar é muito interessante porque dá nova dimensão a uma atividade cotidiana de um local, no qual é comum que estudantes, docentes e servidores se reúnam com outros moradores da cidade”, explica.

Na UFF, este tema é objeto de pesquisa há mais de 30 anos, possuindo os cursos de Bacharelado em Segurança Pública, reconhecido com nota máxima pelo MEC, e o de especialização em Segurança Pública, o primeiro em Niterói e o outro em Campos dos Goytacazes. Ana destaca ainda o papel do pesquisador nesse processo e a importância desse debate. “Nossa tarefa é difundir as pesquisas à sociedade, buscando interagir com um público que nem sempre domina a linguagem científica. O assunto é de muita relevância na vida de todos, porque diz respeito a elementos fundamentais: vida, liberdade, medo”, ressalta.

Já no dia 16, é a vez do professor do Departamento de Ciência da Computação, Esteban Walter Gonzalez, ministrar a palestra “O futuro através dos games”. Para ele, a experiência será importante porque o modelo de “quase bate-papo” atuará quebrando a barreira da formalidade presente em outros tipos de palestras. Ele ainda dá uma prévia do que está por vir no dia: “Os games estão sempre levando adiante o mercado da tecnologia da informação, sendo uma das áreas que mais gera receita no público final. Vou falar bastante sobre os seguintes temas: inteligência artificial, realidade virtual e aumentada e cloud computing”, destaca.

A equipe também espera repetir em outubro o Dose de Ciência, outro evento voltado para a democratização do conhecimento científico. Sendo assim, as atividades não terminam esse mês, com o Pint of Science. Muito pelo contrário, para eles a ideia é tentar fazer cada vez mais encontros como esses, brindando à ciência com um cardápio variado, para todos os gostos. “Não importa se forem 50 ou 300 pessoas. O importante é estreitar esse diálogo e mostrar que estamos juntos pelo desenvolvimento científico, tecnológico e social do nosso país. E se puder ser divertido, como esperamos que seja, melhor ainda!”, conclui Thaiane Oliveira.

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