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Despedida do ex-reitor Raymundo Romêo é marcada por emoção e homenagens

Na manhã desta segunda-feira, dia 02 de janeiro, aconteceu o velório do ex-reitor José Raymundo Martins Romêo, que faleceu na semana passada aos 82 anos de idade. A solenidade foi realizada no Centro de Artes da UFF (Ceart), aberta ao público.

A despedida ao professor foi marcada por emoção, mas também por homenagens da comunidade universitária, que reconhece o seu importante papel para o amadurecimento da UFF. Raymundo Romêo liderou a instituição por dois períodos distintos (1982-1986 e 1990-1994) e deixou um grande legado no campo do ensino, da pesquisa e da extensão.

Estiveram presentes na cerimônia, familiares e amigos de José Raymundo, além de servidores e gestores da universidade. Na ocasião, o reitor da UFF, professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, destacou a brilhante trajetória do docente, o seu amor e a sua entrega pela educação.

“O momento é de consternação, mas também de agradecimento, pois Raymundo Romêo é uma figura ímpar que nunca se apagará da história da UFF e que se faz presente em cada canto desta instituição. Ao estar à frente da universidade por dois mandatos, um deles inclusive em um momento delicado para o país na época da redemocratização, ele foi capaz de promover um ambiente democrático internamente, investir em cultura e em pesquisa – algo que até então não tinha se consolidado tão intensamente -, criar o campus da Praia Vermelha, projetar a UFF internacionalmente e liderar outros muitos feitos. Todas as homenagens a esse honrado e querido reitor são merecidas, necessárias e ainda poucas perto da representatividade deste grande gestor e professor para a educação do país. Em nome de toda universidade, nossos mais sinceros sentimentos aos familiares, amigos, colegas de trabalho e tantos outros que foram marcados pela sua caminhada.”, finaliza Nóbrega.

Trajetória de José Raymundo Martins Romêo na UFF*

Seguindo a tradição familiar de incentivo à formação em Engenharia, o niteroiense José Raymundo Martins Romêo titubeou quando teve que escolher entre a UFF e a UFRJ para cursar a graduação. Preferia a UFF, entretanto, atendeu ao pedido de seu pai que cursou a Escola Nacional de Engenharia da UFRJ e onde também estudara seu avô. Com a reforma curricular e a criação dos institutos nas universidades, Raymundo Romêo foi convidado para atuar como professor do Instituto de Física em 1968. Consolidou sua carreira na instituição fluminense e gerou um laço extremamente afetivo com a UFF.

Ex-reitor em dois períodos políticos distintos – 1982 a 1986 e 1990 a 1994, o professor, antes diretor do Instituto de Física, em 1975, assumiu a gestão da UFF em meio ao regime militar e a redemocratização. No período em que esteve à frente da Universidade, deu ênfase à melhoria na qualidade do ensino, incentivando a pesquisa e promovendo um ambiente democrático dentro da instituição. “Em 1983, um ano após a posse, foi criado o Programa UFF Debate Brasil. Luiz Carlos Prestes, primeiro palestrante, lotou o auditório e tivemos que colocar televisores no gramado porque uma multidão queria assistir. Toda quarta-feira, às 20h, o Jornal o Globo fazia a cobertura do evento”, relembra Raymundo Romêo.

Em sua primeira gestão, trouxe a Orquestra Sinfônica Nacional com 90 músicos para a UFF. Nessa época surgiu também o Quarteto de Cordas e o Conjunto de Música Antiga. O então criado DDC (Departamento de Difusão Cultural) passou a ser um foco de atração para a cidade com muitas programações voltadas para a comunidade. “Um aspecto interessante é que a UFF sempre foi muito envolvida com a cidade de Niterói, talvez a Reitoria, em Icaraí, junto a população tenha contribuído”, explicou o ex-reitor na ocasião.

“A Universidade representa muito para mim. Foi onde exercitei um trabalho que eu acho de alta significação. Porque não se constrói uma sociedade sem conhecimento. E o conhecimento só tem uma origem: a universidade”.

Fora do ambiente administrativo, o ex-reitor participava do time de futebol de salão da Reitoria, junto a quatro professores do Departamento de Educação Física. Jogavam contra o DCE e a ADUFF. Segundo Raymundo Romêo, o convívio com professores, estudantes, e, sobretudo, funcionários era muito bom e contribuía para um prazeroso ambiente profissional, era convidado com frequência para ser paraninfo e patrono de turmas de graduação.

No segundo mandato, a ênfase maior da gestão de Raymundo Romêo foi a excelência na qualidade do ensino. Foram realizados concursos que abriram 324 vagas para professores adjuntos e assistentes e 116 para titular. “Foi um marco e mudou muito o perfil da Universidade, em termos de qualificação e qualidade. Consolidação da pós-graduação e da pesquisa. Antes a universidade era ótima em ensino, mas com muito pouca relevância na pesquisa, existiam poucos contratos para financiamento em pesquisas”.

Para a Universidade, outros fatos se destacam na gestão de Raymundo Romêo, como a criação das pró-reitorias, do Núcleo de Estudos Estratégicos, atual Inest, e a Assessoria de Relações Internacionais, entre outros. No período, a UFF teve um número expressivo de convênios internacionais e o ex-reitor foi convidado para fazer parte do Conselho da Associação Internacional das Universidades.

Para Raymundo Romêo a UFF de hoje é completamente diferente da UFF de 1982, com maior excelência em pesquisa, tecnologia e um futuro brilhante a seguir. “As universidades ultrapassam o século e tem uma vida própria. As pessoas que participam dessa vida ajudam a direcionar e agregar algo, mas elas crescem independentemente das pessoas”.

*Texto produzido e depoimentos coletados para as homenagens dos 60 anos da UFF, comemorado em 18 de dezembro de 2020.

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