A Universidade Federal Fluminense, comprometida com o desenvolvimento sustentável do Brasil e com a integração dos povos, em especial das Américas, tomou a iniciativa de realizar junto com outras instituições líderes do país o Congresso Pan-Americano de Biocombustíveis e Biomassa (Panambio) 2008. Os organizadores do evento desejam contribuir para integrar os países das Américas na pesquisa, no desenvolvimento e uso de biocombustíveis: biodiesel, álcool e bioprodutos.
A economia atual centrada, em grande parte, nos combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural) está vivendo um momento difícil, que tende a se agravar. O esgotamento paulatino do estoque do petróleo nos países que mais o consomem, a falta de confiança entre os países consumidores e os países produtores e também razões ambientais (como o aumento do efeito-estufa e da poluição por produtos não facilmente degradáveis) têm levado à busca de novas alternativas energéticas e de produtos que não sejam derivados dos combustíveis fósseis.
Os biocombustíveis são as melhores alternativas de energia sustentável aos combustíveis fósseis no momento por possibilitarem o aproveitamento da infra-estrutura de transporte existente. Esta, além de estar universalizada, representa um investimento de trilhões de dólares que não pode ser abandonado. Eles podem desempenhar um papel de integração entre países das Américas, de forma não-hegemônica, mas, sim, complementar, sendo este o objetivo do encontro.
O Brasil tem sido um dos melhores exemplos, talvez o melhor, no uso intensivo e em grande escala de combustível renovável, os biocombustíveis. No fim da década de 1970, foi adotado o Programa do Álcool, um projeto de substituição em larga escala dos combustíveis veiculares derivados de petróleo por álcool, que atua como substituto da gasolina em motores com explosão do combustível por ignição, financiado pelo governo brasileiro, a partir de 1975, devido à crise do petróleo em 1973 e mais agravante depois da crise de 1979. No mesmo período, foi descoberto por um pesquisador brasileiro um sucedâneo para o diesel mineral. Um programa semelhante ao do álcool, denominado Probiodiesel, foi iniciado no país, mas não teve continuidade. O Pró-Álcool representa atualmente um consumo anual em torno de 15 bilhões de litros.
Felizmente, o governo federal, com apoio do setor produtivo, das universidades e dos centros de pesquisa, retomou o Programa Nacional do Biodiesel, que vem sendo um exemplo de projeto com objetivos ambientais, estratégicos, econômicos e sociais. Um programa que pode ser considerado exemplar para os outros países, os ditos desenvolvidos ou aqueles em desenvolvimento.
Além do biodiesel e álcool, o Panambio 2008 tratará também dos combustíveis de biomassa de segunda geração, como aqueles obtidos por processos termocatalíticos (pirodieseis), processos enzimáticos e outros como os carvões derivados das modernas biomassas.