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Filme “Jongos, calangos e folias: música negra, memória e poesia” será lançado dia 15 no Teatro da UFF

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“Jongos, calangos e folias: música negra, memória e poesia” é um documentário realizado pela UFF, por meio do Laboratório de História Oral e Imagem (Labhoi) e do Núcleo de Pesquisa em História Cultural (Nupehc), com o apoio do Edital Petrobras Cultural/2005, que também patrocinou a organização do Acervo Petrobras de Memória e Música Negra do Departamento de História da UFF (www.historia.uff.br/jongos). O lançamento do DVD será no dia 15 de novembro, às 15h, no Teatro da UFF, Rua Miguel de Frias, 9, Icaraí, Niterói. A entrada é gratuita.

A produção trata das relações entre jongos, calangos e folias, patrimônios culturais de diversos grupos do Estado do Rio de Janeiro, descendentes da última geração de africanos escravos, chegada ao Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX. Dá especial atenção à poesia presente nestas manifestações que são praticadas ainda hoje, no Rio de Janeiro, por muitos dos descendentes daqueles últimos escravos.

O filme tem direção geral das historiadoras e professoras da UFF Hebe Mattos e Martha Abreu, edição de Isabel Castro e direção de fotografia de Guilherme Fernández.
A pesquisa para o documentário, com mais de 180 horas de gravação, foi desenvolvida ao longo de 2006 e 2007 por uma equipe que incluiu mestrandos, doutores e muitos alunos de iniciação científica da UFF.

O DVD, além do filme, contém extras com performances de jongos, calangos e folias; informações sobre as regiões visitadas e sobre os participantes do filme; uma entrevista com o historiador Robert Slenes (Unicamp) e referências de documentos históricos. O filme será distribuído gratuitamente em DVD para escolas, bibliotecas públicas e centros culturais.

No dia 15 estarão presentes grupos de jongo do Quilombo São José da Serra, do Quilombo do Bracuí e da região Barra do Piraí; grupos de calango de Duas Barras e Barra do Piraí, e grupos de folias de reis de Duas Barras e Mesquita. Após a exibição do filme, estes grupos farão apresentações, ilustrando o motivo da festa.

Jongos – Também conhecidos como caxambus e tambus, os jongos são manifestações culturais executadas por afro-descendentes em várias localidades no Estado do Rio de Janeiro. Apresentam percussão, dança e canto, em forma de poesia. A dança, próxima da fogueira, é em círculo, no centro do qual os dançarinos evoluem. O jongo pode ser cantado por um ou mais solistas, sob a forma de desafio. O restante do grupo, como um coro, responde em refrão. As memórias dos velhos jongueiros, que temos entrevistado, revelam que a prática do jongo envolve feitiço, poderes mágicos e segredos partilhados por familiares. Os jongos hoje proporcionam a solidariedade comunitária e o orgulho de um patrimônio compartilhado e valorizado.

Calangos – Pouco estudados pelos especialistas, os calangos animavam, com sanfona, versos, desafios e refrões, os bailes das comunidades afro descendentes no Estado do Rio de Janeiro. Dança em pares, aconteciam muitas vezes nas festas de jongo, dentro das casas, e animavam principalmente os mais jovens. As memórias sobre o calango entre os mais velhos trazem à tona, sempre com muita emoção, as festas que reuniam todas as famílias e fortaleciam os laços comunitários.

Folias de Reis – Grupos de devotos dos Reis Magos, com cantos e símbolos devocionais, percorrem várias localidades do Estado do Rio de Janeiro, em épocas próximas ao Natal. Compostas, em geral, por mestres, contramestres, palhaços e músicos, as folias são organizadas por famílias afro descendentes e guardam especial apreço ao rei negro Baltazar. Os grupos visitam os amigos e vizinhos e procuram anunciar o nascimento de Jesus e reproduzir a viagem dos Reis Magos a Belém. As memórias que os mais velhos guardam das folias indicam o quanto essas manifestações envolvem-se com a transmissão e a vivência de um patrimônio familiar e comunitário.

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