Alunos, professores, inclusive o diretor e a vice-diretora da Escola de Arquitetura e Urbanismo (EAU) da UFF, experimentaram, por algumas horas, as dificuldades que cadeirantes, cegos ou surdos têm para se locomover nos arredores e nas dependências da unidade, que está localizada no Campus da Praia Vermelha e que é considerada a de menor acessibilidade da UFF. A atividade, chamada “Identificando Barreiras”, fez parte da Agenda Acadêmica 2007.
Para a vice-diretora da escola, professora Louise Land B. Lomardo, que dá aulas de conforto ambiental, conservação de energia nos edifícios e de sustentabilidade, a experiência deste dia 27 de novembro será muito importante para os futuros arquitetos e urbanistas, “para não projetarem mais edificações como estas, da faculdade, com escadas em todos os prédios, sem elevadores ou rampas”. Além disso, o piso que circunda os prédios é outra dificuldade, disse ela, “pois as cadeiras mal saem do lugar, em razão dos paralelepípedos ou, quando saem, enfrentam o declive acentuado do pátio”.
Também o diretor da EAU, professor Gerônimo Leitão, teve, nesse dia, sua primeira experiência de se locomover nesse cenário como cadeirante, surdo e cego, surprendendo-se igualmente com o nível de dificuldade encontrado. “Esse piso, realmente, é um problema, pois, lá dentro do prédio, esta cadeira funcionava bem, agora aqui…”, comentou.
A Escola de Arquitetura e Urbanismo funciona há mais de 20 anos nos casarões da entrada do Campus da Praia Vermelha, que são lindas edificações, mas que, por serem tombadas, vão requerer atenção especial para receberem as modificações que a Lei de Acessibilidade exige.
Alunos enfrentaram desafios
Aos alunos que se dispuseram a participar da experiência, a professora Louise propôs vários desafios, como ir à biblioteca de olhos vendados, ou comprar um sanduíche na cantina, de cadeira de rodas, enfim, atividades simples e corriqueiras do dia-a-dia de qualquer estudante, mas que se revelaram tarefas dificílimas ou mesmo impossíveis de serem realizadas nessas condições.
Um aluno chegou a cair da cadeira de rodas, outro bateu a cabeça no orelhão do pátio, que não tem o pequeno degrau ao redor para sinalizar aos cegos a sua localização. Assim, mesmo conhecendo muito bem o local que freqüentam todos os dias, puderam perceber o cerceamento à liberdade de ir e vir a que são submetidos os portadores de deficiência.
À medida que se locomoviam, a professora de medicina Luíza Costa, coordenadora do Núcleo Sensibiliza, da universidade, ia explicando que a bengala tem um tamanho adequado para cada pessoa, que as pessoas que querem ajudar um cego não devem nunca pegá-lo pelo braço e sim, perguntar-lhe primeiro se querem ajuda e, em seguida, que tipo de ajuda. Caso contrário, o auxílio pode até provocar acidentes, pois geralmente as pessoas seguram na mão da bengala, desequilibrando o cego.
O ideal, explicou a professora Luíza aos alunos, é que os portadores de deficiência tenham autonomia e, no caso dos deficientes visuais, o piso tátil, que é uma espécie de passadeira com marcas em alto relevo, resolve a maior parte dos problemas, sem que precisem pedir ajuda.