Reportagem: Bernardo Tonasse
A reforma curricular do curso de Comunicação Social, que tem sido debatida há meses por uma comissão formada por professores e alunos, está praticamente pronta. Alguns aspectos polêmicos ainda estão sendo discutidos, mas o novo currículo já foi definido e encaminhado à Proac para revisão. Em 15 dias, a proposta será apresentada para o Conselho de Ensino e Pesquisa, para aprovação. Ela deve entrar em vigor já no primeiro semestre de 2005, mas muitos alunos – e professores – ainda têm dúvidas sobre como a reforma irá afetá-los.
Em uma palestra para os alunos e professores do IACS, mostrou-se o impacto do novo currículo para o curso de Comunicação e suas três habilitações: Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Cinema e Vídeo. Segundo João Baptista de Abreu, professor e membro da comissão, a reforma se fazia necessária devido a uma mudança na visão do que é o curso de Comunicação. “A última reforma foi feita há 20 anos. Desde então, a realidade dos cursos superiores mudou muito”, diz.
Naquela época, o antigo Conselho Federal de Educação (CFE) – hoje Conselho Nacional de Educação (CNE) – estabelecia o currículo mínimo, que significava uma restrição da liberdade das universidades para estruturarem seus cursos. Setenta por cento do currículo era criado pelo CFE, e as faculdades ficavam livres para organizar os 30% restantes. No final dos anos 1990, contudo, depois de muitas pressões das instituições de ensino superior, o currículo mínimo foi substituído pelas diretrizes curriculares. Estas estabeleciam apenas princípios norteadores para as universidades, em vez de imposições. A partir daí, começou-se a discutir reformulações na maioria dos cursos do país. “Hoje, temos mais liberdade até para rever questões como os 50% de tronco comum entre as habilitações”, diz Baptista.
O professor se refere à antiga obrigatoriedade de que metade das disciplinas deveria ser comum a todos os ramos da comunicação. “O currículo atual não mais condiz com a nossa visão do que deve ser um curso de Comunicação. No novo currículo, apenas 15% das matérias são de tronco comum”, afirma Abreu.
Essa é apenas uma das muitas reformulações que vêm por aí. Outras mudanças: o sistema de créditos será abolido e estes serão convertidos em carga horária – que continuará a mesma (2.760 horas); as atividades de monitoria, extensão e as atuais disciplinas eletivas (aquelas que são oferecidas por outros cursos) serão transformadas em atividades complementares, que contarão como carga horária cumprida; muitas novas disciplinas serão criadas e outras desaparecerão, e, no novo currículo, as optativas terão maior peso, garantindo uma maior liberdade ao aluno para escolher suas áreas de interesse. Além disso, as disciplinas de formação profissional também ganharão mais espaço, atendendo a uma recorrente reclamação do corpo discente.
Período de transição
As reformas estão, de maneira geral, sendo avaliadas positivamente pela maioria dos estudantes. Entretanto, o fato de haver centenas de alunos estudando há um ou mais semestres dentro do currículo antigo complica a sua implantação. “É necessária uma fase de adaptação, em que ambos os currículos estarão vigentes”, afirma Rosa Benevento, coordenadora do curso de Comunicação. Esse período de transição durará quatro semestres, visando a que todos os alunos do velho currículo se formem. Mas nem todos os atuais estudantes do IACS permanecerão no antigo currículo. “Quem, no início do próximo ano, ainda não tiver cumprido 50% da carga horária total (2.760 horas), entrará no novo currículo”, diz.
Casos polêmicos e desinformação
Novos critérios para permanência de vínculo e mudança de habilitação ainda estão sendo debatidos, e são motivo de muita polêmica. É direito do aluno, segundo regras da universidade, optar por mudar de habilitação e pela permanência de vínculo. Entretanto, com a reforma, as habilitações ficaram mais distantes entre si. Isso acarreta uma série de incongruências com os critérios atuais e estes estão sendo revistos. Até o dia 16 de novembro, nada tinha sido definido, mas a coordenadora do curso garante que isso não irá atrapalhar a implantação do novo currículo, que será apresentado ao Conselho de Ensino e Pesquisa no início de dezembro.
Apesar da proximidade da reforma – entra em vigor já no início de 2005 -, o corpo discente do IACS ainda está muito mal informado. A coordenação do curso pretende elaborar uma cartilha informativa, o Departamento de Cinema e Vídeo estabeleceu horários (segundas-feiras, das 10h às 12h) para esclarecimentos, e alguns professores sugeriram a realização de pré-matrícula para facilitar a transição. As medidas para orientar os estudantes são muitas e variadas, mas todos ressaltam que os alunos devem se informar por meio de seus departamentos e da coordenação, para que saibam qual a sua situação e como devem proceder.