“A defesa da Amazônia apoiada pelo mapeamento temático” é o tema da conferência de abertura do 1° Seminário de Cartografia Temática da UFF. Será proferida pelo General de Exército Cláudio Barbosa de Figueiredo, do Comando Militar da Amazônia, no dia 24 de novembro, às 9h, no auditório do Instituto de Geociências.
O evento contará, ainda, com mesas temáticas sobre a situação atual da cartografia nacional, os avanços tecnológicos na área e as aplicações desse ramo do conhecimento na pesquisa universitária e na educação infantil.
O estudo de mapas é essencial para o desenvolvimento de noções de perspectiva, escala, distância e até de geopolítica pelas crianças. É o que diz a professora da Faculdade de Educação Tomoko Iyda Paganelli, uma das principais pesquisadoras da cartografia escolar do país. O assunto será discutido em uma das mesas.
Engenheiros, geógrafos, historiadores, geólogos, militares. Para essas – e tantas outras – profissões, estudar cartografia é essencial. Muitos acham até que ela seja um saber por demais específico. No entanto, os pesquisadores da cartografia escolar – um campo de interdisciplinaridade entre a geografia e a pedagogia – dizem que isso é uma visão limitada do seu potencial. Segundo Tomoko, noções básicas, como perspectiva e escala, são construídas, e a criança deve ser orientada pelos professores nesse processo, que é bastante auxiliado pelo estudo da cartografia . Além disso, essa disciplina é indispensável para o entendimento de geopolítica, conhecimento necessário para todo cidadão.
Fundamentada na teoria de Piaget (célebre psicólogo suíço), a cartografia escolar tem sua base, no Brasil, na década de 1970, e desde então tem evoluído, com a realização de encontros e seminários. Hoje, boa parte das universidades tem um núcleo de cartografia escolar. O Brasil é um país muito respeitado nessa área, mas, apesar disso, a teoria ainda não é muito difundida entre os docentes do país.
Enem: mapas são uma das maiores dificuldades
A professora Tomoko está à frente do núcleo de cartografia escolar do Rio de Janeiro, na UFF. Ela diz que, ao longo do tempo, a cartografia perdeu espaço na educação infantil e isso acarretou problemas sérios na formação dessas crianças. Uma das maiores dificuldades notadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a Geografia, mais especificamente a interpretação de mapas, gráficos e tabelas. “Boa parte dos alunos não sabe situar a Chechênia no mapa, ou, no contexto da Guerra do Iraque, relacionar a posição do Oriente Médio à sua importância estratégica”, explica.
Desta forma, sem o estudo adequado da cartografia, perdeu-se um meio essencial para entender o que acontece no mundo e posicionar-se politicamente. Apesar do cenário ruim, a professora é otimista em relação ao futuro. Isso porque, com o estabelecimento de núcleos de cartografia escolar nas universidades, as novas gerações de educadores estão, cada vez mais, aplicando esses conhecimentos.
A realização de colóquios e seminários também contribui para a difusão da cartografia escolar. Nos dias 24 e 25 de novembro, na UFF, haverá mais uma oportunidade para quem quiser conhecer a fundo o tema. É o 1° Seminário de Cartografia Temática, que também abordará outras áreas da cartografia.