O estudo de mapas é essencial para o desenvolvimento de noções de perspectiva, escala, distância e até de geopolítica pelas crianças. É o que diz a professora da Faculdade de Educação da UFF Tomoko Iyda Paganelli, uma das principais pesquisadoras da cartografia escolar do país. O assunto será discutido em uma das mesas do 1º Seminário de Cartografia Temática, que ocorrerá nos dias 24 e 25 de novembro, no Instituto de Geociências da UFF.
Engenheiros, geógrafos, historiadores, geólogos, militares. Para essas – e tantas outras – profissões, estudar cartografia é essencial. Muitos acham até que ela seja um saber por demais específico. No entanto, os pesquisadores da cartografia escolar – um campo de interdisciplinaridade entre a geografia e a pedagogia – dizem que isso é uma visão limitada do seu potencial. Segundo Tomoko, noções básicas, como perspectiva e escala, são construídas, e a criança deve ser orientada pelos professores nesse processo, que é bastante auxiliado pelo estudo da cartografia. Além disso, essa disciplina é indispensável para o entendimento de geopolítica, conhecimento necessário para todo cidadão.
Fundamentada na teoria de Piaget (célebre psicólogo suíço), a cartografia escolar tem sua base no Brasil, na década de 1970, e desde então tem evoluído, com a realização de encontros e seminários. Hoje, boa parte das universidades tem um núcleo de cartografia escolar. O Brasil é um país muito respeitado nessa área, mas, apesar disso, a teoria ainda não é muito difundida entre os docentes do país.
Enem: mapas são uma das maiores dificuldades
A professora Tomoko está à frente do núcleo de cartografia escolar do Rio de Janeiro, na UFF. Ela diz que, ao longo do tempo, a cartografia perdeu espaço na educação infantil e isso acarretou problemas sérios na formação dessas crianças. Uma das maiores dificuldades notadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a Geografia, mais especificamente a interpretação de mapas, gráficos e tabelas. “Boa parte dos alunos não sabe situar a Chechênia no mapa, ou, no contexto da Guerra do Iraque, relacionar a posição do Oriente Médio à sua importância estratégica”, explica.
Desta forma, sem o estudo adequado da cartografia, perdeu-se um meio essencial para entender o que acontece no mundo e posicionar-se politicamente. Apesar do cenário ruim, a professora é otimista em relação ao futuro. Isso porque, com o estabelecimento de núcleos de cartografia escolar nas universidades, as novas gerações de educadores estão, cada vez mais, aplicando esses conhecimentos.
A realização de colóquios e seminários também contribui para a difusão da cartografia escolar. Nos dias 24 e 25 de novembro, na UFF, haverá mais uma oportunidade para quem quiser conhecer a fundo o tema. É o I Seminário de Cartografia Temática, que também abordará outras áreas da cartografia.