Teve início a Primeira Mostra Mulher Niterói, que ocorre de 31 de agosto a 3 de setembro no Centro Petrobrás de Cinema, Rua Visconde do Rio Branco, s/n, São Domingos, Niterói. O evento está sendo organizado pela Prefeitura Municipal de Niterói e conta com parcerias locais, como Coordenadoria dos Direitos da Mulher, Secretaria da Saúde, Secretaria da Cultura, dentre outras. A UFF, por meio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex), participa como instituição acadêmica convidada com estande próprio e oferecendo uma série de atividades que estimulam a discussão sobre o gênero feminino.
O estande tem conteúdo resultante da produção acadêmica da universidade e funciona com orientações sobre os cursos da UFF e sobre setores e projetos da Proex; venda de produtos da Grife UFF (do Núcleo de Comunicação Social); venda de CDs e informações sobre as atividades do Centro de Artes UFF; venda de livros sobre a temática feminina e de gênero (da Editora da UFF) e acesso a bibliotecas virtuais e a sites de interesse para a população feminina (uma parceria do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher com o Núcleo de Documentação da UFF).
Na abertura do evento foram homenageadas mulheres que se destacam em suas diversas áreas de atuação com o prêmio Maria Jacintha. O nome da premiação é uma homenagem à artista, teatróloga, crítica literária e jornalista nascida em 1906, em Cantagalo (RJ), e que escolheu Niterói como sua cidade. A professora aposentada da UFF Maria Felisberta Trindade, ex-diretora da Faculdade de Educação e ex-secretária de Educação de Niterói, foi premiada na categoria Protagonismo Feminino. Dedicou o prêmio a todas as mulheres, principalmente as excluídas socialmente e as que escolhem o magistério, em especial as alfabetizadoras, que “iniciam os indivíduos na vida”. Fez também uma homenagem a Maria Jacintha. “Ela foi uma mulher de idéias avançadas, perseguida brutalmente na época da ditadura militar. Uma mulher que permitiu grandes avanços culturais no Rio de Janeiro.”
Atuação da UFF
Alunos e professores do curso de Enfermagem apresentaram o esquete teatral “Um Dia de Cão”, abrindo a discussão sobre a violência física contra a mulher no espaço contemporâneo. Também houve apresentações sobre o impacto socioeconômico da beleza, com a diretora da Faculdade de Economia da UFF, professora Ruth Dweck, e sobre a vida e obra de Maria Jacintha, com Marise Rodrigues, que vem realizando grandes pesquisas sobre a homenageada. Na apresentação sobre vida e obra de Jacintha, Marise disse que se encantou com a obra da dramaturga e tomou para si a responsabilidade de dar visibilidade àquela artista que muito estimulou a cultura na cidade de Niterói. Sua primeira peça, “O gosto da vida”, foi logo tirada de cartaz pelo conteúdo subversivo para a época: a liberdade da mulher de escolher seus amores. Com dois jornalistas fundou a revista “Esfera”, em que procurava publicar textos de pessoas ligadas ao campo da cultura, mas que não tinham espaço na mídia da época. Jacintha foi perseguida na época da ditadura pelo conteúdo de sua obra, o que considerou um “gesto de burrice universal”, já que para ela oferecer conhecimento é um meio poderoso de esclarecimento e não uma atitude de subversão.
Após a apresentação de Marise, a prima e afilhada da homenageada, que estava presente e também se chama Maria Jacintha, agradeceu a todos que vêm colaborando para que a artista volte à cena, como espaços dedicados a ela no Acervo Rui Barbosa e na Biblioteca Central do Gragoatá da UFF, que terá uma estante específica para a autora inaugurada no dia 8 de novembro, na Semana de Extensão da UFF. Para encerrar, seis alunos dos cursos de Letras e História apresentaram uma leitura dramatizada de dois trechos da obra “Um não sei o quê que nasce não sei onde”, finalizada com a música “Cálice”, e muito elogiada por Marise, Maria Felisberta e Maria Jacintha. A UFF continua no evento com palestras, oficinas, mostras de vídeo e o lançamento, no estande da UFF, da revista “Gênero”, uma publicação da Eduff.