Imagine um sensor colocado num vaso de plantas que consegue identificar a umidade da terra e, a partir disso, o dispositivo envia um sinal para um smartphone avisando que é preciso regar aquela planta. É possível imaginar também sensores colocados em caminhões que se deslocam por longas estradas e, paralelamente, vão coletando dados sobre temperatura do ar, umidade, entre outros. Com esses dados os Institutos de Meteorologia poderiam melhorar a previsão do tempo. Esses são dois exemplos simples do conceito de “Internet das Coisas” ou “IoT” que, traduzidos, significam a capacidade computacional estendida a objetos, sensores e a todo tipo de itens que não consideramos computadores, mas que permitem a troca de dados entre objetos e dispositivos com intervenção humana mínima.
A Internet das Coisas já é considerada uma revolução tecnológica. Cada vez mais surgem eletrodomésticos, meios de transporte e até mesmo tênis, roupas e maçanetas conectadas à internet e a outros dispositivos, como computadores e smartphones. Essas novas capacidades dos objetos comuns abrem caminho para inúmeras possibilidades, nos âmbitos acadêmico, comercial e industrial. É nesse contexto que a Universidade Federal Fluminense (UFF), através do seu Instituto de Computação e em parceria com a empresa International Business Machines (IBM Brasil), recebe o HackaTruck MakerSpace, um projeto que visa capacitar os alunos do ensino superior no desenvolvimento de aplicativos móveis com aplicação em Internet das Coisas (IoT), enfatizando a aplicação de conceitos e práticas de serviços que ajudam a criar inteligência cognitiva em aplicações na nuvem.
“Os estudantes são capacitados através do contato com a Internet das Coisas (IoT), computação na nuvem, aplicações que utilizam Inteligência Artificial (IA) e a linguagem ‘swift’, específica para programação para celulares” – Carlos Hopf
Na UFF, a iniciativa está sendo promovida pelo Instituto de Computação (IC), em parceria com a Escola de Engenharia. O diretor do IC, professor José Raphael Bokehi, conta que o HackaTruck MakerSpace é um projeto de capacitação profissional itinerante. “A proposta é visitar várias Instituições de Ensino Superior em todo o Brasil, deixando um espaço aberto de participação para todos os alunos da universidade que estiver visitando. O HackaTruck chegou na UFF no final de 2019, no entanto, a fase presencial foi cancelada em 2020 por conta da pandemia. Neste ano, retornamos ao projeto, fazendo uma nova seleção, mas garantindo vagas para os selecionados em 2020 que ainda tivessem interesse”.
De acordo com o docente, o projeto é dividido em duas etapas. “A primeira é um curso a distância que serve como seleção para a segunda parte, que envolve as aulas presenciais, realizadas no laboratório móvel. Na fase presencial são abertas duas turmas com, no máximo, 28 participantes por turno – manhã e tarde. O caminhão estará na UFF até o final de julho, no estacionamento litorâneo do Campus da Praia Vermelha, em Niterói, e é uma oportunidade única de realizar curso gratuito de alta qualidade, onde os alunos serão capacitados em tecnologias de ponta com acesso a equipamentos de última geração”, completa José Raphael.
O HackaTruck é idealizado e patrocinado pela IBM Brasil, e executado pelo Instituto de Pesquisas Eldorado (IPE). Carlos Hopf, executivo de operações de negócios e representante da IBM Brasil no projeto, conta que o objetivo é levar o ensino de novas tecnologias de forma gratuita às universidades brasileiras, através de uma sala de aula móvel contida dentro de um caminhão equipado com os mais modernos dispositivos. “No HackaTruck os estudantes são capacitados para o mercado de tecnologia da informação e comunicação (TIC) através do contato com a Internet das Coisas (IoT) e outras técnicas, tais como: computação na nuvem, aplicações que utilizam Inteligência Artificial (IA) e a linguagem ‘swift’, específica para programação para celulares. No final do curso, de 160 horas, os alunos estarão aptos a desenvolver aplicativos para celulares, utilizando também diversos equipamentos, tais como: impressoras 3D, cortadora laser e sensores disponíveis no HackaTruck”.
De acordo com Hopf, existe um grande déficit de profissionais no mercado de TIC e, considerando isso, “o HackaTruck contribui para ajudar a mitigar essa lacuna de profissionais, preparando e certificando os alunos para as diversas oportunidades do mercado de trabalho”. Além disso, o executivo explica que, durante as cinco semanas do curso, os alunos são estimulados a trabalhar em grupos e desenvolverem uma solução para um desafio ou um problema. “Essa solução pode se tornar uma ideia revolucionária cujo resultado contribuirá para a sociedade como um todo”, complementa.
Carlos conta que o projeto certificou mais de 3.300 alunos, que criaram mais de 500 protótipos de aplicativos com Inteligência Artificial e serviços de nuvem. “Temos certeza que no final do curso na UFF os alunos vão aumentar essa lista de protótipos com excelentes projetos. O leste fluminense é um importante eixo de negócios para diversas indústrias e em muitas existirá a necessidade de profissionais com conhecimento das tecnologias que transmitimos no HackaTruck. A UFF, sendo uma das mais importantes entidades de ensino superior, é uma parceira muito importante nessa empreitada. Ao promover o acesso às tecnologias que dispomos no projeto, a universidade apoia seus alunos a complementar sua formação acadêmica e os prepara ainda mais para o mercado de trabalho”, finaliza.