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UFF evita tropeços com programa de prevenção de queda

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Qualquer um pode cair, nisso não há dúvida. No entanto, pelo enfraquecimento dos ossos e fragilização das articulações e dos reflexos, a queda na terceira idade torna-se alarmante. O Projeto Diretrizes, elaborado pela Associação Médica Brasileira em 2001, mostra que 30% dos idosos no Brasil caem ao menos uma vez por ano, e dois terços destes virão a cair a cada seis meses. Além disso, deve-se considerar que 12% dos óbitos dos idosos têm relação com uma queda.

Considerando o risco desse tipo de acidente, a necessidade de prevenção e o aumento da população com 60 anos ou mais, que, segundo o IBGE, passou de 16 milhões em 2002 para 16,7 milhões em 2003, funciona na Universidade Federal Fluminense desde 2001, o programa de extensão “Prevenir quedas hoje evita que o próximo a cair seja você”. O trabalho é coordenado pelo professor Edmundo de Drummond Alves Júnior, do Departamento de Educação Física e atende 70 pessoas com média de 70 anos de idade. Até o fim de maio estão abertas mais 20 vagas, para pessoas de qualquer idade. Os participantes também fazem parte do UFF Idade Avançada, que promove diversos tipos de atividades.

O professor também é pesquisador do CNPq e coordena o grupo de estudos “Envelhecimento e Atividade Física”. O resultado das pesquisas do grupo alimenta a metodologia utilizada com os idosos do programa de prevenção de quedas. “É uma troca. Os alunos têm melhorias na qualidade de vida e nós temos como pesquisar”, explica o professor. De acordo com ele, as atividades realizadas visam melhorar qualidades físicas como a força dos membros inferiores, a percepção do corpo no espaço, a mobilidade articular, o equilíbrio e a coordenação, fundamentais para evitar quedas. Os exercícios são simples para que possam ser repetidos em casa e trabalhados de forma lúdica e criativa com samba, capoeira e forró.

Todos os participantes passam por exames médicos antes de realizar qualquer atividade e as restrições individuais são respeitadas durante os exercícios. Os pesquisadores procuram saber por que e como os idosos caem e compreender as alterações posturais que levam à queda. Os participantes do programa também são acompanhados pela fisioterapeuta Fátima de Lima Paula, que trabalha conscientização e reeducação postural e dá instruções de ações simples que podem aliviar as dores comuns no dia-a-dia dos idosos. Dependendo do problema, eles são encaminhados para outros fisioterapeutas e médicos.

Os participantes do grupo relatam benefícios. Isabel Incerte, 69 anos, comemora a diminuição das quedas. “Faz dois anos que não caio, ando prestando atenção para não tropeçar em calçada quebrada, não corro pra pegar o ônibus.” Celina Franco, 74 anos, reafirmou essas melhoras e contou que foi atropelada por uma van que avançou o sinal no Centro de Niterói. “Na hora do acidente nem senti nada, só me lembrei que devia pôr a cabeça para frente como aprendi aqui. Se não estivesse me exercitando, seria muito mais grave, teria batido a cabeça no meio fio.” Celina também frisou as outras recomendações aprendidas no grupo de prevenção a quedas. “Readaptei minha casa, retirei os tapetes, a mesa de centro, tudo o que pudesse me fazer cair. Também mudei os sapatos, que agora não derrapam. Estou prestando atenção em tudo.” Cleusa de Oliveira Conceição, 73 anos, contou que a melhora na postura evitou que a fratura de cinco costelas que teve em um acidente de carro fosse ainda mais grave.

O professor falou ainda das outras vantagens desse trabalho para os alunos. Segundo eles, o trabalho de grupo propicia bem-estar para essas pessoas, que muitas vezes ficam muito sozinhas. Melhora auto-estima e faz esquecer os problemas, aumento a sociabilidade e a convivência.

Edmundo Alves Júnior diz que as quedas devem ser consideradas um problema de saúde pública e que políticas públicas são necessárias à prevenção. Deveriam ser observadas as calçadas quebradas e com desníveis, a altura dos degraus dos ônibus e o tempo de abertura dos sinais, por exemplo. Para ele, esse trabalho devia ser realizado também em clínicas geriátricas e hospitais, mas a falta de pessoal não permite nem mesmo trabalho de campo para observação das casas e ruas onde moram os idosos com autonomia para freqüentar o programa.

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