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Projeto de robótica da UFF incentiva jovens mulheres de escolas públicas a seguirem área científica

Em 11 de fevereiro é comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, uma iniciativa da ONU cujo objetivo é estabelecer um compromisso com a igualdade entre homens e mulheres na educação. Do ponto de vista nacional, o Brasil possui destaque pela participação feminina na ciência, representando 30% do total de pesquisadores em atividade, segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além disso, um artigo publicado pela revista internacional Nature Magazine revelou que as mulheres foram responsáveis ​​por quase 70% do total de publicações de cientistas brasileiros entre 2008 e 2012. Os dados vão à contramão do senso comum de que as áreas de ciência e tecnologia não são “femininas”, concentrando um menor percentual de mulheres em comparação com o de homens.

Com o intuito de incentivar jovens meninas a seguirem esse caminho, o projeto da Universidade Federal Fluminense “UFFight: Meninas em Combate” ensina robótica a estudantes de escolas públicas do estado do Rio de Janeiro e demonstra que é possível ser uma cientista no Brasil. O programa é uma extensão do “UFFight Robótica”, fundado em 2012 com o intuito de desenvolver protótipos na área de robótica e mecatrônica para competições nacionais e internacionais. Mais tarde, em 2021, a professora do Departamento de Engenharia Mecânica da UFF, Flávia de Paula Vitoretti, ampliou o projeto inicial, criando o “UFFight: Meninas em Combate”, pois sentiu a necessidade de incentivar alunas de escolas públicas a ingressarem nas áreas de ciências exatas.

Durante a pandemia, a iniciativa se desenvolveu por meio de cursos online com ensino de construções de robô seguidor de linha para estudantes em escolas dos municípios de Valença, Vassouras e Volta Redonda. “No projeto, as alunas das escolas aprenderam conceitos fundamentais de física, mecânica e programação teórica, ensino básico por vídeo aulas, programas para introdução de robótica e, em seguida, quando foi possível o retorno presencial, as alunas construíram o robô seguidor de linha”, destacou a coordenadora.


Robô seguidor de linha produzido no projeto. Créditos: Flávia de Paula

O primeiro encontro presencial do projeto ocorreu em novembro de 2022 e contou com a participação dos alunos das escolas e da equipe da UFFight Robótica. Letícia Alexandre, estudante de Engenharia Mecânica na UFF e capitã do projeto, afirma que foi muito gratificante acompanhar a evolução dos alunos. “Foi muito bom ver todos aqueles jovens interessados, ainda mais que a grande maioria eram meninas. A maioria nunca teve contato com robótica e programação, e ver como todos eles se empenharam e quiseram aprender a construir um robô foi maravilhoso. Apesar de alguns desses alunos não se verem atuando nessa área da tecnologia futuramente, todos gostaram do projeto e aprenderam bastante, não apenas sobre robótica e programação, mas também sobre trabalho em equipe”.

A participação no projeto é aberta a todos os estudantes das escolas parceiras. Apesar disso, Flávia esclarece que as bolsas disponibilizadas são destinadas apenas às estudantes mulheres, uma pequena medida que visa reparar séculos de invisibilidade feminina no meio. De acordo com a coordenadora, “neste projeto, o CNPq permitiu que as alunas e professoras das escolas públicas, além de duas alunas bolsistas da UFF, recebessem bolsas para incentivo à participação do projeto. Foram três bolsas de Iniciação Científica Júnior (ICJ) e duas bolsas de Iniciação Científica (IC) para alunas de graduação em engenharia, que visa despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes do ensino fundamental e graduação; e uma bolsa de Apoio Técnico (ATP) a cada escola, para auxiliar o desenvolvimento de projeto mediante a participação de profissional técnico”.

Uma das estudantes contempladas pela bolsa ICJ foi Angel Folan, que atualmente cursa Química com foco em Ciências Eletrônicas na UFF e também é membro do projeto principal UFFight Robótica. “O nome do projeto ‘UFFight: Meninas em Combate’ foi o pivô para eu participar. Fazer essa divulgação e integração para que mais meninas entrassem e se interessassem pelo meio tecnológico foi uma coisa importante para mim. Saber que, assim como eu, existem muitas garotas tendo essa representação e participação nesse ramo me deixa muito feliz e empolgada para continuar na área da ciência e tecnologia. Minhas expectativas são de que mais projetos como esses sejam realizados em escolas públicas de baixa renda para mostrar ao público jovem feminino que as áreas de engenharia e afins não são inteiramente formadas por homens e que, assim como eles, são capazes e podem seguir nesse caminho”, enfatiza.

Apesar das barreiras e forças que desmotivam mulheres a seguirem uma carreira científica, a idealizadora e coordenadora do projeto possui uma visão entusiasmada sobre o que a força feminina ainda poderá conquistar. “Vemos cada vez mais pesquisadoras ativas e participativas na ciência. A mulher representa uma força técnica, emocional, humanista. Ser representada por uma mulher é uma forma de normalizar essa presença em ambientes sociais e áreas de ciências exatas, engenharia e computação, além de expandir nosso lugar de fala. A representatividade feminina é a defesa de uma sociedade mais igualitária, que continua buscando a garantia dos direitos e construindo modelos femininos diversificados que possam servir de inspiração para outras meninas. Este projeto não é diferente na busca por igualdade, e mostra diariamente à comunidade a nossa força dentro do UFFight Robótica”, finaliza.

Para conhecer melhor o projeto, acesse o link: https://engenhariavr.uff.br/?page_id=155

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