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Simpósio ‘1964/2004: Ontem, Hoje e Depois’ discute o movimento de 31 de março de 1964′

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A UFF e a UFRJ realizarão entre os dias 31 de março e 2 de abril, o Simpósio ‘1964/2004: Ontem, Hoje e Depois’, coordenado pelos professores da UFF, Eurico de Lima Figueiredo e Maurício Dias David e pelo professor da UFRJ Aluizio Alves Filho. O evento será aberto ao público e tem como objetivo a promoção de uma reflexão crítica sobre um dos momentos mais marcantes da história brasileira.
O simpósio será realizado no Auditório do ICHF (Instituto de Ciências Humanas e Filosofia – UFF), no Campus do Gragoatá, Bloco O, 2º andar, Niterói. O encerramento ocorrerá no dia 2 de abril, no Salão Nobre do IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais – UFRJ), Largo de São Francisco, Centro, Rio de Janeiro. A organização é dos departamentos e programas de Pós-Graduação em Ciência Política da UFF e da UFRJ e do Núcleo de Estudos Estratégicos da UFF.
Em entrevista para o Núcleo de Comunicação Social da UFF, os organizadores falaram sobre o evento.
Qual o objetivo do simpósio?
Prof. Eurico de Lima Figueiredo – O Movimento de 31 de Março, juntamente com a Revolução de 30, marcou um decisivo momento na história republicana brasileira. Quarenta anos depois do que ocorreu em 1964, as conseqüências do que lá aconteceu estão ainda presentes nos dias de hoje e de uma maneira viva: eu mesmo fui anistiado recentemente, em dezembro de 2002. Por outro lado, o prosseguimento dos trabalhos de pesquisa, além de uma vasta literatura sobre o assunto em geral, requer uma avaliação permanente por parte daqueles que, até por dever de ofício, têm que com ela estar continuamente atualizados. O objetivo, portanto, é promover uma ampla reflexão crítica sobre um dos momentos mais marcantes da história brasileira, aproximando a comunidade universitária da sociedade em geral. As áreas de Ciência Política da UFF e da UFRJ tinham que mostrar a sua presença porque existe muita democracia na própria promoção desse simpósio.
Como vocês escolheram os temas a serem tratados?
Prof. Aluizio Alves Filho – Não foi fácil por dois motivos, ambos de ordem prática. Em primeiro lugar, tínhamos que trabalhar dentro dos parcos recursos à nossa disposição. Em segundo lugar, precisávamos estabelecer critérios que pudessem nos orientar quando fossemos convidar as pessoas para participar do simpósio. O primeiro critério, por exemplo, levava à impossibilidade de chamar profissionais de outros estados, já que não poderíamos arcar com o ônus de passagens e estadia. O segundo critério nos permitia fechar o círculo de nossos convites: decidimos que convidaríamos apenas professores da UFRJ e da UFF. Claro, muitos colegas, trabalhando em outras instituições, poderiam nos trazer excelentes contribuições. Mas, se fossemos convidá-los, teríamos que promover um evento muito maior do que aquele que podíamos promover. E isso, pelas razões apontadas, não seria viável. Na crise é preciso ter criatividade e fazer o que se pode dentro das circunstâncias dadas. Por outro lado, tendo em vista essas limitações, tivemos também que restringir o leque dos temas a serem abordados. O Movimento de 31 de Março assestou um forte impacto na sociedade brasileira como um todo. Logo estamos cientes que muitos outros assuntos não poderão ser objeto de nossos trabalhos. Entre a alternativa de não fazer nada e cair na auto-lamentação e fazer o possível, optamos pela última. Cremos que o resultado final, apesar de tudo, será muito positivo.
O Movimento de 64 ainda repercute na vida brasileira quarenta anos depois?
Prof. Maurício Dias David – E como! Tendo em vista sua importância, algumas datas passam a fazer parte da história de um país e irão sempre servir como referencial para a continua reflexão crítica dos historiadores e dos cientistas sociais. Não existe na vida humana um simples dualismo (o “bom” e o “ruim”, por exemplo), a não ser nas (péssimas!) análises de cunho ideológico. O trabalho científico está sempre se refazendo, na medida mesmo em que acumula um maior grau de conhecimento. O que sabemos hoje sobre o Movimento de 31 de Março por certo é muito maior do que sabíamos – diga-se – há dez, vinte, anos atrás. Mas existe muito ainda muito o que pesquisar e avaliar. Por exemplo, os governos militares desenvolveram as universidades públicas muito mais do que todas as administrações anteriores e posteriores. É com certa tristeza que falo sobre isso, porquanto eu também fui punido pelo regime e fui um exilado político por muitos anos. Mas trata-se de um fato, objetivado por números insofismáveis. Os governos civis, depois de 1985, parecem, todos eles, uns mais outros menos, terem relegado a educação superior a um nível degradante. Então, como isso aconteceu? Por que isso acontece agora? O simpósio por nós organizado não pretende dar respostas de manga de colete, mas permitir que se façam perguntas cada vez mais pertinentes sobre o passado, tendo em vista o que acontece hoje e o que pode acontecer depois. Assim como no plano individual estamos sempre reavaliando nossa própria biografia, no plano dos acontecimentos históricos o mesmo acontece, necessariamente com uma dose muito maior de complexidade. Não disse um importante líder político do século XX que a Revolução Francesa ainda estava muito próxima para uma avaliação mais completa a respeito dela? Esse Simpósio é apenas uma pequena contribuição ao estudo de nosso passado recente. Mas, a nosso ver, absolutamente vital. Promovendo-o, estamos fazendo a nossa parte como docentes e pesquisadores das nossas universidades que se alinham entre as mais importantes do país.

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