Publicação semestral do Núcleo Transdisciplinar de Estudos de Gênero (Nuteg) da UFF, a revista Gênero chega ao seu quinto volume. Lançada em dezembro pela Editora da UFF (Eduff), traz dois números e abrange diversos temas acerca do universo feminino.
O número 1 do quinto volume publica o dossiê “Gênero e memória: algumas reflexões”, que enfoca as contribuições decorrentes da explosão do feminismo e das transformações na historiografia, a partir da década de 1960. Os sete artigos seguintes abordam, por exemplo, o espaço conquistado pelas escritoras israelenses, a partir de 1980, em diferentes conjunturas da história de seu país; a participação das mulheres na Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo; e a trajetória político-científica da líder feminista Bertha Lutz.
Outro artigo faz uma análise da escrita da mulher do século XIX através da correspondência de duas figuras femininas da elite brasileira. A seguir, discorre-se a respeito da inserção do chamado corpo de mulher. Outro estudo propõe compreender o cinema de Ana Carolina ao analisar as formas de representação do feminino no filme Mar de rosas (1977). Além desses trabalhos, há dois textos que tratam do mercado de trabalho nacional ao ressaltar a baixa presença feminina nas Polícias Militares do Brasil e ao examinar a participação da mulher em atividades informais ou em ocupações precárias no país.
O número 2 destaca assuntos políticos, culturais e econômicos, como o artigo que busca dar conta das mudanças, enfrentamentos e demandas do feminismo brasileiro nos últimos 30 anos, enquanto movimento social, e sua interação com os feminismos latino-americanos. O resgate das vozes femininas na guerra invisível que se abateu sobre a Argélia na década de 1990 também é posto em debate, assim como a difícil relação dos genros com as sogras na França do século XIX. Na mesma linha de pesquisa sobre a família, um artigo especial explora estudos teóricos sobre feminismo e maternidade e seus reflexos na literatura.
Por sua vez, os temas culturais dissertam sobre a instalação da imprensa no Brasil, o que permitiu ampliar a oferta de romances, folhetins e poesia na cidade do Rio de Janeiro no século XIX; o romance La más maravillosa música, do escritor argentino Osvaldo Bazán na ótica da inserção do homossexual no espaço da cidade moderna; e o universo da tatuagem, revelando a forma diferenciada como mulheres e homens enfrentam a dor inerente a este processo. Por fim, uma pesquisa avalia a condição das trabalhadoras no sistema brasileiro de previdência rural na década de 1990/2000, dando ênfase às mudanças legais ocorridas no período. E para fechar, o último texto explora o empoderamento psicológico, social e político feminino nos micronegócios da Economia Solidária.