Primeira cidade brasileira a desenvolver uma indústria naval, Niterói volta a ser centro das atenções devido à atividade. Inaugurada ontem na UFF, a exposição “Memórias de Niterói” segue até o dia 23 de fevereiro revelando ao público imagens, objetos e histórias que vão muito além dos conhecidos estaleiros.
A mostra reúne diversos documentos históricos tanto textuais quanto iconográficos a respeito da temática naval que estavam dispersos ou eram simplesmente descartados pelos proprietários. Selos raros, livros, flâmulas, moedas e até uma gravura do Estaleiro da Ponta D’Areia – hoje Estaleiro Mauá – fazem parte do acervo. “É uma gravura da primeira metade do século XIX, uma reprodução bastante rara”, ressalta César Ornellas, curador da exposição e mestre em História pela UFF.
A exposição se divide em três partes: “Barcas”, “Porto de Niterói” e “Estaleiros”, articuladas com o módulo “Resíduos e Memória”, organizado pelo professor Emílio Eigenheer, do Programa de Coleta Seletiva. O módulo trabalha com as referências sobre a indústria naval presentes na memória da cidade.
Outro destaque da mostra é o Plano do Porto de Niterói. Por meio da imagem, é possível observar todo o traçado das ruas, bastante detalhado. Mas o projeto não chegou a ser totalmente implantado. “Operacionalmente, o porto foi inaugurado em 1927, mas toda a questão urbanística em volta dele, as edificações, não foram concluídas, praticamente só o traçado das ruas foi concluído”, ressalta Ornellas.
Quem visitar a exposição terá ainda a oportunidade de apreciar fotografias das estações da Cia. Cantareira e Viação Fluminense. Uma delas é a estação da Praça Martim Afonso que, embora ainda esteja em funcionamento, teve seu prédio histórico totalmente demolido devido a um incêndio em 1959, ocorrido durante o chamado “Quebra-quebra das Barcas”. “Depois do episódio, o prédio foi sendo descaracterizado aos poucos e hoje só o temos na memória fotográfica da cidade”, conclui Ornellas.