Projeto da UFF estimula talentos na área da Engenharia Aeronáutica

O Blackbird AeroDesign, projeto criado em 2011 pelo Departamento de Engenharia Mecânica da UFF, tem como principais objetivos contribuir para a formação dos alunos e representar a universidade em competições estudantis de engenharia aeronáutica. Nas atividades realizadas pelo grupo de extensão, alunos da graduação aprendem a projetar e construir uma aeronave controlada por rádio, com a menor massa possível e capaz de carregar a maior quantidade de peso. Entre 2013 e 2016, o Blackbird ficou em primeiro lugar no estado do Rio de Janeiro na classificação geral da competição mais importante do país, a SAE Brasil AeroDesign.

A equipe é composta por 30 alunos não só das diferentes áreas da engenharia, como dos cursos de Desenho Industrial e Publicidade e Propaganda. O projeto conta também com a participação de um professor, que é quem oferece o respaldo técnico e científico aos integrantes. Atualmente, a orientação está sob a responsabilidade do especialista na área de engenharia aeroespacial, Daniel Rodríguez Álvarez.

Da classificação geral do SAE, fomos a melhor equipe do estado do Rio de Janeiro por quatro anos consecutivos (2013-2016)”, Danilo Muniz.

Para o docente, o trabalho é fundamental do ponto de vista educativo, porque possibilita aos participantes desenvolverem habilidades essenciais para a vida profissional. “Eles aprendem a trabalhar em grupo, planejar e organizar as tarefas em cronogramas fixos e com recursos limitados, além de fazer uso prático do conhecimento, procurando soluções balanceadas dentro da engenharia de sistemas”, explica.

Com a prática, os estudantes conseguem identificar suas próprias limitações e, assim, passam a desenvolver habilidades que vão muito além do conteúdo dos cursos. “Eles aprendem sobretudo a respeitar o próximo e a interagir com as boas práticas da competência. Tudo isso através de algo tão atraente e satisfatório como construir um aeromodelo e competir com equipes de outras universidades do Brasil, para serem os melhores”, destaca Daniel.

A seguir, o estudante de engenharia mecânica Danilo Muniz, integrante da equipe Blackbird, dá mais informações sobre o projeto:

O que é o Blackbird?
A Equipe Blackbird é um projeto de extensão, iniciado em 2011 pelo professor de engenharia mecânica Raul Bernardo Vidal Pessolani, do tipo "mãos na massa" aqui da Escola de Engenharia. Representamos anualmente a UFF na Categoria Regular da Competição SAE AeroDesign, onde precisamos projetar e construir uma aeronave rádio controlada, que esteja dentro do regulamento do ano, visando sempre apresentar um avião com a menor massa possível, mas que consiga carregar a maior quantidade de peso.

Como é feita a integração entre os alunos dos diferentes cursos da UFF?
Atualmente na equipe temos estudantes de Engenharia Mecânica, Engenharia de Telecomunicações e Engenharia de Produção, além de alunos de Desenho Industrial e Publicidade e Propaganda. Enquanto as duas primeiras engenharias ficam focadas no projeto em si da aeronave, como cálculos, testes e construção, a Engenharia de produção atua mais na parte de gestão administrativa e financeira. Produção também atua na parte Comercial da equipe, juntamente com Desenho Industrial e Publicidade e Propaganda, responsáveis pela divulgação da equipe em diversos âmbitos, bem como pelo relacionamento da equipe com parceiros. Aceitamos em nossa equipe estudantes de qualquer engenharia e eventualmente alunos de Desenho Industrial ou mais da área de comunicação.

No que consiste a competição SAE-Aerodesign?
A Competição SAE BRASIL AeroDesign é um desafio realizado geralmente nas últimas semanas de outubro ou nas primeiras de novembro, todos os anos, em São José dos Campos. O objetivo do evento é propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de Engenharia Aeronáutica, através de aplicações práticas e da competição entre as equipes. As avaliações e classificação são realizadas em duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Vôo, onde engenheiros da indústria aeronáutica avaliam os projetos comparativamente, com base na concepção e desempenho. São mais de 90 grupos de diferentes instituições de ensino superior brasileiras, formados apenas por universitários.

Quais são as atividades realizadas por vocês na SAE Brasil?
A competição geralmente dura quatro dias. No primeiro dia ocorre a apresentação oral do projeto aos engenheiros da Embraer e uma exposição das aeronaves; no segundo, ocorrem três rodadas de voo com o objetivo de se classificar na competição; no penúltimo dia geralmente ocorre o fim da terceira rodada classificatória e começam as rodadas competitivas, onde as equipes que conseguem voar vão agregando mais pontuação e se elevando na classificação; no último dia ocorrem ainda mais algumas rodadas competitivas e por fim um jantar com todos os participantes para marcar o encerramento da competição.

Já ganharam prêmios nessa competição?
A SAE Brasil tem prêmios apenas para primeiro e segundo lugar, além de outras honras, como por exemplo melhor inovação de projeto, melhor fotografia e menor tempo de retirada de carga. Mas, da classificação geral fomos a melhor equipe do Estado do Rio de Janeiro por quatro anos consecutivos (2013-2016), e tivemos nossa melhor posição (14º) em 2015 - que coincidentemente, no mesmo ano, levamos a honra de melhor fotografia da competição.
Infelizmente no ano passado tivemos o infortúnio de ter nossos equipamentos e pertences roubados na chácara na qual estivemos hospedados enquanto estávamos ausentes para nossa apresentação de projeto no primeiro dia. Isso foi um grande empecilho para nós, porque os modelos não estavam todos prontos e perdemos muito tempo tentando nos adaptar a essa situação, procurando nova estadia e pegando equipamentos emprestados para terminar os modelos. Acreditamos que esse fato que fugiu ao nosso controle foi decisivo para a nossa não classificação na primeira etapa.
                     
Além do SAE Brasil, a Blackbird participa de outros eventos?
Participamos de eventos em Niterói para divulgar a equipe, como o Acolhimento Estudantil da UFF, realizado no campus da Praia Vermelha e do Gragoatá, a Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação no Campo São Bento e ainda alguns eventos escolares. Sempre expomos a aeronave ao público, e muitas vezes mostramos também a carga que levantamos com o protótipo. Fazemos uma pequena apresentação da equipe e tiramos dúvidas dos interessados no projeto. Mas, não podemos fazer demonstração de voo fora da competição, pois o local e o piloto da aeronave precisam ser licenciados para tal.

Como o projeto se mantém do ponto de vista econômico? Possuem patrocínio?
A UFF nos ajuda com algumas bolsas, porém o valor não cobre todos os nossos custos. Então, essa é a maior dificuldade que a equipe vem enfrentando já há alguns anos. Sempre estamos buscando patrocinadores, e atualmente temos dois nomes conosco, a Alltec, que nos dá suporte na parte de materiais destinados aos protótipos usados na competição, e a Motim, uma empresa voltada para a área da educação. Além disso, organizamos algumas ações para agregar a formação/carreira de todos estudantes interessados e também nos ajudar a viabilizar economicamente o nosso projeto, como o Arraiá da Praia Vermelha 2018. O primeiro evento desse ano vai ocorrer no dia 15 de maio, um workshop com o tema “Como se preparar para processos seletivos”, com o objetivo de orientar os alunos que vão se lançar no mercado de trabalho.

Qual a expectativa da equipe Blackbird para o futuro?
Esse será um ano de aprendizado para a equipe. Os acontecimentos do ano passado prejudicaram a nossa classificação para a edição 2018, porém continuamos firmes trabalhando em nosso projeto para conseguir uma ótima colocação no torneio de acesso - que funciona como uma série B da competição. Estamos aproveitando esse momento para estudar bastante, capacitar os novos membros, nos dedicarmos ao aperfeiçoamento tanto do projeto quanto de sua gestão, para chegar em 2019 com um protótipo ainda mais competitivo e assim voltar ao Top 15.

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