Professoras da UFF lançam livros que despertam o interesse científico no público infanto-juvenil

Crédito da fotografia: 
Pixabay

Um grande desafio para mães e pais durante o período de isolamento social, com as escolas fechadas, tem sido oferecer conteúdo de qualidade para os filhos, especialmente quando acumulam essa rotina de cuidados com o teletrabalho e a casa. Em sintonia com esse momento, a Universidade Federal Fluminense (UFF), por meio do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas (PPGMPA), lançou no mês de julho duas publicações voltadas para o público infantil que estimulam a curiosidade e o gosto pela ciência.

“Paleoparasiotologia na educação básica”, de autoria da professora Daniela Leles e da doutoranda Fernanda Guimarães, aborda de forma mais ampla a ciência que estuda os micro-organismos recuperados em materiais antigos, como múmias, ossos e dentes. O livro contribui para contar a história evolutiva da vida na Terra, tais como hábitos alimentares e higiênicos e as migrações humanas, que tiveram lugar em todos os tempos e numa grande variedade de circunstâncias.

A ideia dessa publicação surgiu a partir do projeto de extensão “Paleoparasitologia para todos”, desenvolvido em 2017, momento em que foi criada uma história ilustrada e um repertório de atividades voltado para a educação infantil. Segundo Daniela Leles, foram realizadas várias oficinas nas escolas de Niterói, não mais ligadas somente à educação infantil, mas também ao ensino fundamental e médio. Além disso, foram organizados eventos voltados para a divulgação científica, promovidos pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela própria universidade; por exemplo, o evento “UFF nas praças”, que reúne docentes e alunos para apresentar à sociedade pesquisas e projetos de toda a universidade.

A pesquisadora destaca que todas as atividades de pesquisa e extensão desenvolvidas pelo grupo envolvem estudantes de graduação e pós-graduação de diversas áreas do conhecimento, sempre visando à inclusão de pessoas com deficiência. Um exemplo é a aluna do curso de Letras Thais Martins, que fez uma versão em áudio e LIBRAS de um dos livros. E Beatriz Voloch, graduanda que elaborou sua monografia do curso de licenciatura em Biologia em torno do desenvolvimento de material para cegos e pessoas com baixa visão, a partir de pintura rupestre e paleoparasitologia.

De acordo com Daniela Leles, uma grande preocupação do grupo era que o projeto pudesse atender a um público mais amplo. Em razão disso, juntaram esforços para desenvolver um livro destinado a professores, pais, mães ou demais responsáveis que quisessem abordar o tema dentro ou fora da escola. Cada capítulo, além do material de estudo, apresenta ainda curiosidades, recomendações de atividades para diferentes faixas etárias, além de sugestões de cuidado com o meio ambiente, a partir de dinâmicas elaboradas com base em materiais recicláveis e reutilizáveis.

O objetivo principal da publicação, segundo a professora, é valorizar a ciência brasileira desde a primeira infância, podendo, desta forma, se criar um ambiente propício para despertar vocações nas crianças: “precisamos de novos paleoparasitologistas e também que eles fiquem no Brasil. Precisamos de mais mulheres na ciência brasileira (não à toa, a personagem paleoparasitologista do primeiro livro é uma mulher) e que os brasileiros valorizem os nossos cientistas”, enfatiza.

Além do livro, financiado com recursos da FAPERJ, e que pode ser acessado gratuitamente no endereço https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/14511/1/E-book%20Paleoparasitologia..., o grupo ainda conta com um blog, que pode ser acessado pelo endereço https://paleoparasitologiaparatodos.wordpress.com/, um canal no YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCH1S2h0iG94DmYmNNZ1gsVQ e um no Instagram: https://www.instagram.com/paleoparasitologiaparatodos/. 

Coronavírus para crianças: aprendizado que dissemina informação e promove mudanças

O outro importante lançamento dirigido ao público infantil foi a obra "Corona: esse vírus usa coroa, mas não é rei!", escrito pela docente Dilvani Oliveira Santos. Com outras três publicações plurilíngues para o público infantil no currículo (em português, inglês, francês e um em português e LIBRAS), a autora se mobilizou no desenvolvimento desse livro ao perceber as dificuldades dos adultos em abordar o tema com as crianças. Segundo ela, “o obstáculo ocorre inclusive por desconhecimento de noções básicas de educação em saúde, além de questões relativas ao negacionismo científico e às dificuldades de divulgar ciência para o público infanto-juvenil em linguagem acessível para essa faixa etária”, explica.

A relação da pesquisadora com a produção de livros infantis é antiga e faz parte de sua carreira, de mais de 30 anos, em atividades acadêmico-científicas. “Sinto-me bastante estimulada a incrementar essa atividade numa linha de pesquisa em Educação em Saúde. A proposta é construir histórias que insiram o conceito de promoção de saúde para esse público, que é tão eficiente no aprendizado e também na disseminação da informação, capaz de promover mudanças educacionais efetivas nele próprio e nos adultos à sua volta”.

Diversos estudantes, colegas e parceiros de pesquisa, inclusive de outras instituições e países, mobilizaram-se na divulgação do livro. Além do Brasil (Bahia, Ceará, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte), o livro foi lançado nos seguintes países: Alemanha, Argentina, Bélgica, Benin, Bielorrúsia, Egito, EUA,  Indonésia, Itália, Noruega, Portugal, Rússia e Turquia. A publicação também contou com a colaboração dos professores Alphonse Kelecom, do Instituto de Biologia, e Mayra Rochael, do Programa de Pós-Graduação em Patologia do HUAP, do ilustrador Douglas Santos da Silva - graduado em Design pela UFF -, da tradutora Clara M. S. de Lacerda, mestranda do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFF, além da pesquisadora da FIOCRUZ Cintia de Moraes Borba.

O livro pode ser acessado gratuitamente pelo link http://www.perse.com.br/persenovo/ebook/N1595961187222/ebook.pdf.

 

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