Israel Pedrosa

A relevância da UFF não é para Niterói, e sim, para o país.

Professor e criador do brasão da UFF

Tornei-me um professor por entusiasmo

O artista e professor, Israel Pedrosa, fala de forma bastante afetiva da Universidade Federal Fluminense. Além de guardar na memória diversas histórias sobre os nove anos como acadêmico, ele também possui, em seu ateliê residencial, uma grande quantidade de objetos e documentos daquela época, como os originais do primeiro curso que lecionou na UFF, de História da Arte, em 1967. “Foram 12 aulas que contaram com a participação de mais de 600 alunos e um momento crucial na história da universidade, tendo sido um curso realizado na recém-adquirida sede da reitoria”, relembra Pedrosa.

Autor do livro de grande prestígio “Da cor a cor inexistente”, sobre o trabalho que desenvolveu com a teoria das cores, Israel se mostra um apaixonado pelas artes. Tem sua obra literária como a mais difundida no Brasil e já realizou exposições em Paris, Lyon e Copenhague. Ao questioná-lo sobre o fato pessoal mais marcante de sua vida, ele responde com muita satisfação que foi ter sido aluno de Portinari, quando tinha apenas 16 anos.

Dentro da UFF, o professor destaca como fato marcante a questão de ter desenhado o símbolo da universidade: “foi muito bem aprovado e tão bem reproduzido que é utilizado até hoje”, diz ele. Criado para que fizesse parte de um cartaz exposto durante a semana de cultura da UFF, o logotipo fez tanto sucesso que Israel ganhou um pequeno escudo de ouro como presente de professores visitantes de diversas partes do país. Não demorou para que o símbolo começasse a ser utilizado por alunos e professores e, mesmo já sendo usado desde 1967, sua oficialização só aconteceu quatro anos atrás.

Apesar de nunca ter sonhado com a vida acadêmica, Israel Pedrosa engrandece o período que passou como professor na universidade, e fala com tristeza sobre um dos motivos que o levou à aposentadoria em 1972: “basicamente, saí da UFF por contradição ao Regime Militar. Não havia razão para eu estar me sujeitando àquilo”. O artista, que sempre lecionou à noite por obra de seu ateliê em funcionamento no Rio, passou a dedicar-se integralmente à arte depois de sua saída da instituição.

“Tornei-me um professor por entusiasmo, uma contingência, e mesmo que não tenha sido a grande aspiração da minha vida, sou uma pessoa mais realizada tendo assumido esse papel por um tempo”, releva Israel, que mostra visível orgulho do relacionamento que teve com a UFF e seus alunos, principalmente os da primeira turma que lecionou: “formei profissionais de excelência que ocuparam cargos importantes em todo o Brasil”.

Ao ser perguntado sobre a importância da Universidade Federal Fluminense para a cidade de Niterói, Pedrosa é enfático: “eu acho que a relevância da UFF não é para Niterói, e sim, para o país”, diz ele e logo completa, “a UFF é uma das grandes universidades do Brasil e, de modo geral, a sua média tem sido de grandes professores e muito bons alunos”.