Covid-19 e festas de fim de ano: professora da UFF tem recomendações para você.

Adeus, ano velho! Feliz ano novo! Se tem uma coisa que culturalmente o brasileiro gosta é de uma boa confraternização. Mas em plena pandemia do novo coronavírus, temos de redobrar nossa atenção e cuidados com as festas de final de ano, até porque o clima festivo sempre vai propiciar novos encontros, reuniões mais acaloradas e até viagens.

Quais as recomendações dos especialistas para os encontros de Natal e Ano Novo, especialmente frente ao novo aumento do número de casos do coronavírus?  De acordo com a Diretora do Instituto de Biologia e Chefe do Laboratório de Virologia Molecular da UFF, professora Izabel Paixão, “durante as festas de Natal e do Ano Novo de 2020 os cuidados adquiridos e praticados neste longo período de restrições e de distanciamento social devem ser mantidos. São desaconselhadas longas celebrações que envolvam grande número de parentes e amigos”. Confira abaixo a entrevista completa. Cuide-se e boas festas!

1) Quais as recomendações para a realização de reuniões seguras, se é que são possíveis frente ao atual cenário?

Na atual situação da pandemia de COVID-19, com o aumento da média de mortes por dia, reuniões virtuais são mais seguras, considerando que as plataformas virtuais atendem bem as expectativas. O ideal, inclusive, seria que as famílias e amigos não se encontrassem presencialmente neste ano. No entanto, em casos de extrema necessidade de encontros presenciais, os participantes devem seguir as normas de segurança.

É necessário que se escolha um local adequado, aberto, bem arejado e seja intensificada a higienização do local do evento. Os participantes devem respeitar o distanciamento social de no mínimo 1,5 metros. O uso de máscaras deve ser obrigatório. A máscara deverá estar limpa, bem ajustada e ser de tamanho suficiente para cobrir plenamente o nariz e a boca, ser trocada quando estiver suja ou úmida. Nunca deverá ser compartilhada, não se deve retirar a máscara para falar e nem deslocar para o queixo, pescoço, nariz, topo da cabeça, etc. Ela deve ser removida cuidadosamente pelo elástico lateral ou prendedor. Não tocar a parte interna ou posterior da mesma. Antes e após retirar a máscara, lave as mãos.

Lembrando que longas celebrações que envolvam grande número de parentes e amigos são desaconselhadas.

2) Quais orientações os anfitriões do encontro devem passar para seus convidados em caso de reuniões presenciais?

Em caso de reuniões presenciais, os anfitriões devem disponibilizar álcool em gel, solicitar o uso de máscaras em tempo integral e orientar quanto ao distanciamento social. Mais vulneráveis à doença, os idosos devem ser mantidos em segurança, com máscara e afastados dos demais. Falar alto, gritar, cantar, quanto mais exercício vocal for feito, maior é a capacidade de disseminar gotículas com vírus no ambiente. Em qualquer condição escolhida todos os materiais utilizados nas refeições devem ser previamente higienizados e utilizar talheres, pratos e copos descartáveis. Para pessoas com necessidades especiais, é importante se certificar de que os produtos assistivos, se usados, sejam desinfetados com frequência.

3) Já sabemos que o vírus também está presente em objetos. Como proceder no momento da Ceia de Natal ou Ano Novo?

Estudos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) sugerem que os coronavírus podem persistir nas superfícies por algumas horas ou até vários dias (72 horas), dependendo do tipo de superfície. Por isso, o alerta da higienização é importante: lavar as mãos ou limpar os objetos. A situação ideal seria que apenas uma pessoa servisse a refeição, com máscara em tempo integral, face shield e luvas. Uma outra possibilidade seria servir refeições, previamente preparadas em recipientes semelhantes a quentinhas, aquecidas antes de servir. Uma outra possibilidade seria cada convidado levar sua própria refeição e bebida.

O mais importante a se saber sobre a presença de coronavírus em superfícies é que elas podem ser facilmente limpas com álcool 70% ou hipoclorito, que matam o vírus. O convidado deve utilizar um higienizador à base de álcool 70% ou lavar as mãos com água e sabão, frequentemente. Evitar tocar nos olhos, na boca ou no nariz.

4) Muitas famílias viajam para outras cidades e estados neste período, o que deve ser observado antes dessa decisão ser tomada?

Viagens para outras cidades e estados devem ser evitadas. Porém, é importante se informar sobre o ritmo de contágio do vírus de cada região (Rt), que reflete o potencial de transmissão do vírus. A circulação de pessoas entre cidades e estados que estão em estágios diferentes da pandemia podem provocar novas contaminações ou carregar o vírus junto para os seus destinos.

Companhias aéreas e de ônibus estão tomando cuidado para oferecer viagens seguras. Higienização intensificada, distribuição de acentos planejados, de modo a evitar aglomerações, precisam ser consideradas. Aferição de temperatura, uso obrigatório de máscaras e higienização das mãos devem ser exigidos pelos usuários. Já pousadas e hotéis devem tomar cuidados extras. Quanto mais pessoas se juntarem, principalmente vindas de lugares diferentes, maior será o risco de acontecer uma contaminação do vírus na família. A questão principal é o contato com outras pessoas, sobretudo no momento da alimentação. A recomendação é que haja um grande esforço para evitar o contato. Deve-se manter o distanciamento de um 1,5 a 2 metros. A máscara só deve ser retirada na hora de comer e beber. Nesses momentos, acondicione-o em uma embalagem limpa. Leve outras unidades para trocar (após duas horas de uso ou quando ficar úmida). Álcool 70 deverá estar disponível em todos os lugares.

5) Em quais casos evitar qualquer tipo de encontro presencial?

O mais cauteloso é organizar comemorações com duração e número de pessoas reduzidas. Entretanto, pessoas com algum tipo de comorbidade e os idosos não precisam ser privados desses encontros, mas devem ser mantidos em segurança, com máscara e afastados dos demais. Idosos e pessoas com doenças cardiovasculares (por exemplo, hipertensão, doença cardíaca e derrame), doenças respiratórias crônicas, diabetes e câncer têm um risco mais alto de desenvolver quadros graves da COVID-19. Pessoas com sintomas de COVID-19 não devem participar de eventos presenciais.